São Paulo, sábado, 23 de agosto de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

"Quero emprego e vida honesta"

Ex-detenta tem medo que filho siga sua vida

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Condenada por tráfico de drogas, Leandra de Fátima da Silva Neiva, 31, ficou presa durante seis anos e onze meses. A pena total era de nove anos e sete meses. Leandra pretende morar com o pai e o filho de 18 anos na Ceilândia (cidade-satélite de Brasília). Muito emocionada, ela declarou que pretende continuar sua vida honestamente.
Fazia um ano e sete meses que Leandra não via sua família. "Eu tenho muito medo que meu filho siga a minha vida. O Brasil está marginalizado", disse.
Leandra foi beneficiada com liberdade condicional. Ela fez cursos na prisão -manicure e auxiliar de cabeleireira-, e quer conseguir emprego logo. "Vou buscar, bater nas portas. Não vou me desesperar se alguém bater a porta na minha cara."
Sobre a vida na prisão, disse que as condições são péssimas. "Se a pessoa não tiver vontade própria, não consegue sobreviver lá dentro". A religião, de acordo com Leandra, foi a forma de conseguir conforto e força para seguir em frente.
A irmã mais nova de Leandra, a menor C.F.N., 17, estava muito emocionada com a liberdade da irmã. Ela disse que Leandra já tinha sido beneficiada no final de 94 com saídas temporárias, mas teve problemas.
"Parece que ela se envolveu com cheques sem fundos", disse. Segundo a Vara de Execuções Criminais, ela conseguiu uma saída temporária em maio de 94, mas não voltou e foi considerada foragida. A polícia a recapturou em janeiro de 96.
Bebê
Um bebê de um mês e vinte dias parecia não se incomodar com o tumulto no Tribunal do Júri de Brasília. João Vítor aguardava o pai, Divino Ferreira de Oliveira, 25, que foi beneficiado com prisão domiciliar.
Oliveira foi condenado a 14 anos e 10 meses por tentativa de homicídio. Após cumprir cinco anos e quatro meses, ele se considera apto a viver em liberdade.
Na prisão, fez curso de mecânica e hoje trabalha no DNER (Departamento Nacional de Estradas de Rodagem). Há seis meses, conseguiu a vaga com o auxílio da Funap (Fundação de Amparo ao Trabalhador Preso).
Ele diz que tentou matar um inimigo que tinha tentado matá-lo -e que também está preso.
Oliveira declarou que pretende contar tudo o que passou para João Vítor, que foi concebido na prisão. "Vou fazer com que ele aprenda com os meus erros."
A.L.L., 24, chegou ao tribunal com o rosto coberto. Ele disse que ficou preso durante um ano e quatro meses. Seu crime foi emprestar um revólver para um amigo, que cometeu um assalto.
A.L.L. trabalha como auxiliar administrativo em uma empresa particular e só seu chefe sabe que ele é presidiário.

Texto Anterior: Superlotação faz juiz libertar presos no DF
Próximo Texto: Mulher diz que é sonho
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.