São Paulo, sábado, 23 de agosto de 1997
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"Telefonia de longa distância atrairá investidores europeus"

ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO

O vice-presidente da A.T. Kearney, uma das maiores empresas de consultoria da Europa, Hugh Small, disse ontem à Folha que a abertura do mercado de telefonia de longa distância no Brasil vai gerar uma disputa entre investidores estrangeiros similar à provocada pela venda das concessões do celular privado (banda B).
A telefonia de longa distância -ligações interestaduais e internacionais- ainda é monopólio da Embratel, mas o governo já anunciou a decisão de privatizar a estatal no ano que vem e de abrir o mercado para mais uma operadora privada.
Baseando-se em projeções de crescimento do mercado brasileiro, feitas pelo instituto norte-americano Pyramid Research, Small afirma que a operadora que vier a concorrer com a Embratel pode faturar US$ 4 bilhões no país no ano 2001.
Segundo ele, se 5% da população gastar o equivalente a US$ 250 por ano em ligações interestaduais e internacionais e se 1% gastar o equivalente a US$ 1.000 por ano, o negócio vai ser tão rentável quanto uma concessão da banda B.
Outros países
O executivo, que é especialista em telecomunicações, disse que esse fenômeno ocorreu na Itália. Small disse que a Omnitel -operadora de longa distância formada pela Olivetti e Bell Atlantic, concorrente da estatal Stet- conseguiu 600 mil assinantes no primeiro ano de funcionamento e receita anual de US$ 450 milhões.
Nos Estados Unidos, segundo ele, a MCI -que concorre nos serviços de longa distância com a AT&T e com a Sprint- conquistou 7,5% do mercado em um ano e meio de funcionamento.
O consultor diz que para haver uma competição efetiva nas chamadas de longa distância é preciso que o novo órgão regulador do mercado, a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), aprovado pelo Congresso, se torne muito forte.
Segundo ele, o órgão regulador terá de obrigar as companhias telefônicas locais a completar as ligações solicitadas pelos clientes da futura telefônica de longa distância.
Ligações por microondas
Na avaliação de Small, os sistemas de microondas das redes de TV poderão ser usados para transmitir ligações telefônicas interurbanas, como está acontecendo na Espanha.
Naquele país, a concorrência na telefonia de longa distância será feita pela Retevisión -proprietária da rede de microondas para transmissão de TV-, que foi privatizada pelo governo espanhol há apenas dois meses.
Segundo o consultor, as redes de TV a cabo e as companhias de eletricidade são concorrentes potenciais para a telefonia local.

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