São Paulo, sábado, 23 de agosto de 1997
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Indústrias já adiam planos de expansão

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

O desaquecimento do consumo nos últimos meses está levando a indústria de bens de consumo -sobretudo eletrodomésticos- a ser mais cautelosa nos planos de expansão e de lançamento de novos produtos.
Animadas com o aumento de vendas depois do Real, GE Dako, BS Continental e CCE, por exemplo, decidiram disputar o mercado de geladeiras e freezers com as gigantes Multibrás (Brastemp e Consul) e Electrolux.
Elas não desistiram da idéia -o que até seria difícil, pois boa parte dos investimentos já foi feita-, mas a Folha apurou que essas empresas já não estão tão apressadas quanto demonstraram para colocar seus produtos no mercado.
A GE, que adquiriu a Dako em novembro, com a intenção de entrar firme na venda de refrigeradores e freezers no país, por exemplo, ainda continua estudando a possibilidade de construir uma nova fábrica no Brasil.
"Como o consumo não está crescendo, é melhor ir um pouco mais devagar", diz Nahid Chicani, presidente do conselho de administração da GE Dako. Por enquanto, a empresa comercializa produtos importados no país, tais como geladeiras, freezers, lavadoras e secadoras de roupas.
A BS Continental anunciou para 12 de setembro a inauguração da sua fábrica de refrigeradores e freezers em Hortolândia (SP). Mas, segundo lojistas ouvidos pela Folha, os produtos já deveriam ter chegado ao comércio no primeiro semestre deste ano.
A CCE, que tem uma parceria tecnológica com a italiana Merloni, admite que pode haver atraso no lançamento -marcado para o final do ano- dos seus produtos, embora a justificativa seja também o atraso na chegada do maquinário que foi importado.
Chicani, da GE Dako, diz que a venda de eletrodomésticos caiu 10% nas últimas semanas. "A competição está superacirrada, o que causou queda de 10% a 15% nos preços dos produtos."
Para Antonio Carlos Romanoski, diretor-presidente da Electrolux, o consumo enfraqueceu sobretudo a partir do segundo trimestre deste ano.
Até março, conta ele, a produção de geladeiras e freezers da Electrolux era da ordem de 200 mil unidades mensais. Agora está em torno de 160 mil unidades por mês.
Na sua análise, o consumo voltará a dar sinais de reação no final do ano. "Mas não vai dar para crescer. Achamos que, na média, a venda será igual à de 96. Só que a expectativa era crescer 10%."

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