São Paulo, sábado, 23 de agosto de 1997
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Encol afasta interventor e pode falir

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O diretor-presidente da Encol, Jorge Washington de Queiroz, deixou o cargo ontem, após ter sido afastado pelo Conselho de Administração da empresa, tornando grandes as possibilidades de falência da empresa nos próximos dias.
Queiroz, uma espécie de interventor na empresa, nomeado pelos bancos credores, teria tido "desempenho insatisfatório" na tentativa de fazer um acordo com os bancos credores para impedir a falência da construtora.
Em entrevista coletiva concedida no início da noite, o ex-presidente da Encol Pedro Paulo de Souza, que comandou o afastamento de Queiroz, disse que "perdeu a confiança" no administrador.
Pedro Paulo de Souza indicou o atual diretor financeiro, Antonio Augusto Mazali, para a presidência da empresa. Mazali deverá dar a resposta na próxima terça-feira.
A saída de Queiroz torna a falência da empresa o caminho mais provável a ser seguido por credores e mutuários na tentativa de minimizar suas perdas.
O ministro Iris Rezende (Justiça) reuniu-se com representantes dos bancos credores da Encol, dos mutuários e do Judiciário. Rezende disse que o governo quer resolver o problema dos mutuários.
"A decretação da falência é uma questão de horas", disse o ministro. Segundo ele, haverá uma nova reunião na próxima terça-feira com o INSS e a Receita Federal.
O acordo que está sendo montado prevê que, após a falência, as obras paralisadas sejam concluídas. Para isso, seriam pagos os salários atrasados dos funcionários e reiniciadas as obras.
As dívidas da Encol com os 38 bancos credores, INSS e Receita seriam pagos somente após a conclusão das obras ou depois que a empresa conseguisse recursos.
Os principais pontos dessa proposta foram apresentados ao juiz Everardo Alves Ribeiro, titular da Vara de Falências e Concordatas do Tribunal de Justiça do Distrito Federal. É ele quem examina os pedidos de falência da Encol.
O presidente da Caixa Econômica Federal, Sérgio Cutolo, disse que está muito difícil sair um acordo sem que seja decretada a falência da empresa. Mesmo assim, a orientação do governo é evitar perdas para os mutuários.
Mais dinheiro
Na reunião de ontem, os representantes dos bancos credores públicos e privados deixaram claro que podem esperar para receber seus recursos. Ou seja, eles não vão cobrar agora as dívidas já vencidas e não pagas.
Os representantes dos mutuários informaram que estão dispostos a desembolsar mais dinheiro para a conclusão das obras. Além disso, eles poderiam desistir das ações em andamento na Justiça para facilitar o acordo.

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