São Paulo, sábado, 23 de agosto de 1997
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Pignatari, 70, se diz 'ancião de vanguarda'

CASSIANO ELEK MACHADO
DA REDAÇÃO

Haroldo de Campos fez 68 anos na terça-feira. Anteontem, seu companheiro de concretismo Décio Pignatari completou 70. Ambos comemorariam ontem, como fazem anualmente, na casa de Pignatari, em Perdizes.
Em entrevista à Folha, o bem-humorado poeta disse que anunciaria na festa a fundação do "Conselho dos Anciões de Vanguarda". "Sou o mais velho da turma", diz Pignatari.
Atualmente ele "vanguardiza" com um grande romance, projeto que desenvolveu há décadas.
Com o metalinguístico nome provisório de "Obra em Obras", o romance é, nas palavras de Pignatari, o "castigo da minha vida".
"Poesia e pintura são uma delícia", diz o artista sobre as atividades que costuma desenvolver em seu sítio em Morungaba (a 110 km de São Paulo), onde passa a maior parte do tempo. "Minha lavoura não é arcaica, mas eu moro no sítio", brinca, em referência ao romance de Raduan Nassar.
Longe da economia de palavras de Nassar, Pignatari diz que seu romance será "grande e pretensioso. Uma vastíssima colagem que pretende encarar esse monstro chamado Brasil".
Segundo ele, mesmo às vésperas de completar 500 anos, o país continua "frouxo, infantil, gelatinoso". "Nem como monstro o Brasil tem caráter", opina e dá risadas.
Ao mesmo tempo em que desenvolve o livro, que pretende publicar em um ano, Pignatari vem dando aulas sobre prosa na PUC. Recentemente, em apresentação que fez para reedição de "Brás, Bexiga e Barra Funda" (Imago), de Alcântara Machado (1875-1941), escreveu que esse escritor teria sido o "único brasileiro que tem uma teoria da prosa neste século".

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