São Paulo, sábado, 23 de agosto de 1997
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Para melhor servir à infância

LUCIANO MENDES DE ALMEIDA

Uma iniciativa de grande alcance acaba de se concluir ontem, 22 de agosto, em Bogotá, Colômbia. Trata-se de um encontro de quatro dias, entre mais de 300 representantes da América Latina que se dedicam à criança e adolescentes, especialmente, carentes e em situação de risco. Tinham por finalidade estabelecer "Propostas de políticas em benefício da infância para o século 21".
A genial convocação partiu de duas beneméritas organizações que atuam no continente, Bice (Bureau International Catholique de l'Enfance) e Disop (Serviço para Projetos de Cooperação ao Desenvolvimento), ambos com sede em Bruxelas. Receberam o apoio da Congregação dos Terciários Capuchinhos, do Unicef, do Secretariado da União Européia e do Conselho Episcopal Latino-americano, num notável exemplo de colaboração e idealismo.
Foram escolhidos em 1993 cinco projetos, do Brasil, Chile, Colômbia, Peru e Guatemala, integrando o programa "Poder - Crescer" com os objetivos: a) intercâmbio de experiências em bem de menores em situação difícil; b) apoio a organizações que promovam os direitos da criança, conforme a Convenção das Nações Unidas; c) união de forças para influir na elaboração de políticas novas com a participação das próprias crianças, suas famílias e comunidades.
O resultado do encontro superou as expectativas, abrindo largos horizontes de serviço na base de capacitação de educadores e de experiências bem sucedidas.
No Brasil, a entidade escolhida foi a "Pastoral do Menor", organismo da CNBB, que, à luz do Evangelho, promove e articula, há 20 anos, atividades nas dioceses em benefício do menor carente, empenhando-se na aplicação do Estatuto da Criança e do Adolescente.
As quatro outras entidades selecionadas pelo programa "Poder - Crescer" colocaram em destaque os princípios e comportamentos pedagógicos.
Peru apresentou o "Movimiento de Adolescentes y Niños Trabajadores, Hijos de Obreros Cristianos" (Manthoc), valorizando o protagonismo dos próprios jovens, a pedagogia de "Escuta" e da ternura.
Colômbia contribuiu com a "Oficina Pastoral para la Niñez y la Familia" (Opan), dos religiosos terciários capuchinhos, com novos paradigmas para melhorar a qualidade de vida, confiando na colaboração do jovem. Coube ao Chile mostrar, com competência e otimismo, o fruto do "Hogar de Cristo", com 22 sedes filiais.
Finalmente a Guatemala, com o projeto Ciprodeni, que coordena, desde 1988, 13 ONGs, valorizou a "filosofia para crianças" como método pedagógico que ensina a pensar, descobrir valores e enfrentar os problemas existenciais.
O encontro valeu pela demonstração do enorme bem realizado por essas e outras entidades e pela mensagem de esperança que nasce da soma de esforços.
Em todos os projetos muito se utilizou a palavra nova "resiliência", isto é, capacidade que um corpo possui, em física, de recobrar a forma original depois de submetido a uma pressão deformadora. A aplicação pedagógica é óbvia e promissora.
Cresceu nos educadores a convicção de que, com a graça divina, o apoio generoso das famílias e da sociedade, as crianças e jovens têm sempre a capacidade de superar as situações difíceis em que se encontram.

D. Luciano Mendes de Almeida escreve aos sábados nesta coluna.

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