São Paulo, domingo, 24 de agosto de 1997
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Espólio de banco inclui fazendas, estacionamento e obras de arte

CARI RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A parte do Bamerindus que está em liquidação inclui atividades totalmente estranhas a um banco.
Por exemplo, é por esse motivo que o advogado Marco Belém, inspetor do Banco Central há 20 anos, costuma viajar periodicamente para a fazenda Barreira Branca, em Eldorado do Carajás (PA).
Parte dos 60 mil hectares da fazenda foi invadida por sem-terra, e Belém acompanha de perto a venda emergencial de 22 mil cabeças de gado da propriedade, para evitar que os animais sejam mortos.
Quando está em Curitiba, onde fica o liquidante Flávio Siqueira, Belém recebe ligações frequentes de Eldorado do Carajás.
São os funcionários solicitando orientações sobre o que fazer, caso os invasores se aproximem mais da sede da fazenda.
O liquidante do Bamerindus está negociando a desapropriação da fazenda pelo Incra.
A idéia é que a escola com 130 alunos, destinada aos funcionários da fazenda e a posseiros, também seja assumida pelo órgão do governo federal.
Leilão
Também são mantidas em funcionamento a Inpacel -Indústria de Papel Arapoti- e a Bamerindus Agro-Florestal. As duas têm, juntas, mil funcionários.
A Inpacel deve ser leiloada no início de setembro. Até lá, é preciso controlar gastos e pagar uma série de empréstimos que a empresa possui no mercado.
A empresa, que atua na produção de papel, foi uma das causas da quebra do Bamerindus.
Na fazenda São Nicolau, em Arapoti (a 250 km de Curitiba), está a floresta que atende a Inpacel.
Sua área é de 3.800 hectares, onde também é desenvolvida a atividade pecuária.
O BC, assim, precisa cuidar de 1.400 cabeças de gado que são criadas na propriedade.
Roraima
A 35 quilômetros de Boa Vista (Roraima), os inspetores do BC tentam conservar 76 mil hectares de terra distribuídos em três fazendas do Bamerindus.
Lá são criadas 15 mil cabeças de gado, que correspondem a 10% do rebanho do Estado.
Uma das alternativas que estão sendo estudadas pelo BC é que o governo do Estado de Roraima e um grupo de empresários se unam para comprar as terras e o gado das fazendas.
Estacionamento
Em Curitiba, em toda vez que há uma batida de carros no estacionamento que era explorado pelo Bamerindus, o inspetor do BC Valdir Frazão é chamado.
Quando ocorre um acidente, Frazão tem que acionar a empresa seguradora e até acalmar os motoristas. O contrato para exploração do estacionamento vai até 2001.
Em local seguro, os inspetores do BC colocaram tapetes persas, móveis antigos, dois painéis de Cândido Portinari e quadros de pintores locais.
As peças serão avaliadas por um marchand e depois serão vendidas por meio de leilão.
Elas ocupavam um andar inteiro do prédio do Bamerindus no centro de Curitiba. Eram parte do gabinete do ex-banqueiro José Eduardo de Andrade Vieira, que ficava poucas vezes na cidade.

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