São Paulo, domingo, 24 de agosto de 1997
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Nacional teve 1.022 carros como espólio

ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO

Em novembro de 1995, quando o Banco Central assumiu o comando o Banco Nacional, os técnicos do governo se depararam com uma situação inesperada: o banco havia se tornado proprietário de 1.022 automóveis Mitsubishi novos e sem comprador.
O problema surgiu porque o Nacional financiou a importação dos veículos, e o importador não honrou a operação. Resultado: os carros desembarcaram no Brasil e levaram quase dois anos para serem absorvidos pelo mercado.
Segundo o liquidante do Nacional, José Emílio Passos, a operação deixou um prejuízo de US$ 17 milhões, após a venda dos carros.
A massa falida do Nacional ainda conta com 241 imóveis, 94 dos quais alugados. Desses, 79 são lojas alugadas ao Unibanco para funcionamento de agências.
Os 127 imóveis vazios ainda não foram a leilão porque a documentação não está em ordem. Além disso, os imóveis deixados pelo Nacional estavam registrados na contabilidade do banco por preços muito superiores ao de mercado.
Segundo o liquidante, os 241 imóveis valem R$ 162 milhões, a preço de mercado, mas estavam superavaliados em R$ 27,5 milhões. O caso mais grave aconteceu na região de Ouro Preto (MG).
O terreno, de 10 alqueires, estava registrado no valor de R$ 10 milhões. Passos diz que os avaliadores foram vistoriar a propriedade e concluíram que o terreno praticamente não tem valor comercial. "Não passa de um buraco e vale, no máximo, R$ 10 mil", afirmou.
Fora carros e imóveis, restam os créditos financeiros. Passos diz que a liquidação já recuperou créditos no valor de R$ 529 milhões, mas ainda há R$ 1 bilhão em cobranças administrativa e judicial.
Um dos poucos pontos positivos é o fato de que -tirando o BC- praticamente não há credores. Só 49 se apresentaram, sendo que 23 são pequenos acionistas reivindicando indenização por ações.

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