São Paulo, domingo, 24 de agosto de 1997
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Idade não é principal agravante de câncer

JAIRO BOUER
ESPECIAL PARA A FOLHA

Nem todo câncer que aparece em adultos jovens é obrigatoriamente mais "agressivo" do que a doença que se manifesta em idosos.
O câncer -uma proliferação desordenada de células do corpo- costuma incidir com maior frequência na população acima dos 55 anos.
No entanto, algumas vezes, a doença pode acometer pacientes mais jovens. A noção que muita gente tem de que quanto mais cedo o câncer aparece, mais agressivo ele é, não é sempre verdadeira.
Jacques Tabacof, oncologista do Hospital do Câncer e do Centro Paulista de Oncologia, explica que essa situação acontece com maior frequência nos tumores sólidos (como o câncer de ovário ou das mamas), que têm, em geral, um pior prognóstico quando aparecem em mulheres jovens.
Mas, segundo Tabacof, outros tipos de câncer mais comuns nessa faixa etária como os linfomas (tumores do tecido linfático), as leucemias (multiplicação das células do sangue) ou os seminomas (tumores dos testículos), respondem muito bem ao tratamento.
Mamas
Os tumores de mama, quando aparecem depois da menopausa, respondem, em geral, melhor ao tratamento com a manipulação dos hormônios femininos.
Já os tumores que aparecem na fase da pré-menopausa tendem a ser mais indiferenciados (compostos por células menos especializadas, que não respondem bem aos hormônios). Nesse caso, o tratamento fica limitado e a doença pode avançar mais rápido.
Por isso é importante que a mulher jovem também faça periodicamente o auto-exame das mamas e procure o ginecologista uma vez por ano. Nessa faixa etária, o exame de mamografia pode trazer dados inconclusivos (porque a mama é mais densa) e, às vezes, deve ser complementado com um ultra-som da região.
Outro tumor evitável na mulher -o de colo de útero- também é detectado com avaliações ginecológicas periódicas e com exames regulares de Papanicolaou.
Mulheres que têm familiares com câncer de mama estão sob maior risco e têm que passar por uma avaliação ainda mais rigorosa.
O mesmo vale para o câncer de cólon (intestino grosso), em que a predisposição genética também exerce uma influência importante em homens e mulheres.
O tumor das células germinativas dos testículos (seminomas) é um exemplo de câncer em homens jovens que responde bem ao tratamento, mesmo quando o tumor já apresentou metástases (focos de câncer que se espalham).

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