São Paulo, domingo, 24 de agosto de 1997
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Lista da CBF é arma para investigação

Entidade registra transações

MARCELO DAMATO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Confederação Brasileira de Futebol possui informações que podem ajudar a Receita a descobrir quem está sonegando Imposto de Renda no futebol brasileiro.
O Departamento de Registro da CBF guarda uma cópia de todos os contratos de jogadores que, ao trocar de clube, mudam de Estado.
No ano passado, a CBF registrou 14.458 contratos, dos quais 578 pertenciam a jogadores que ganhavam mais de R$ 2.400 por mês.
Outra lista que interessa à Receita inclui os registros de jogadores brasileiros que vão ou voltam do exterior.
No relatório entregue a todos os presidentes de federação anualmente, está uma relação com o nome, clube de destino e clube de origem de cada jogador que foi ou veio do exterior em cada mês.
O curioso é que o Departamento de Registro da CBF informou à Receita que não possui informações sobre salários.
Com esses dados, a Receita pode detectar pelo menos parte dos esquemas de sonegação que clubes e jogadores têm à disposição.
Omitir fontes de rendimentos e esquentar dinheiro fazendo passar por paraísos fiscais são apenas alguns deles.
O calcanhar-de-aquiles dessa estratégia são os chamados sinais exteriores de riqueza. Um jogador que ganhe oficialmente R$ 5.000 e compre um carro importado de luxo atrai a atenção da Receita.
Manter negócios com empresas sediadas em paraísos fiscais, como fez o atacante Romário, do Valencia, também é encarado como indício de fraude.
Essa sonegação prejudica até o Sindicato dos Jogadores. Segundo o seu presidente, Rinaldo José Martorelli, disse no primeiro semestre, o sindicato recebe muito menos como Contribuição Confederativa do que poderia já que esse valor está atrelado ao salário registrado.

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