São Paulo, terça-feira, 26 de agosto de 1997
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Jungmann critica MST e diz que 'luta é contra latifúndio'

Ministro recusa trégua proposta por sem-terra no Pontal (SP)

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro Raul Jungmann (Política Fundiária) criticou ontem a iniciativa do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) de dar trégua de uma semana ao governo antes de iniciar novas invasões no Pontal do Paranapanema (extremo oeste do Estado de São Paulo).
"Nós não pedimos, não damos e não aceitamos trégua. A nossa luta é contra o latifúndio. E, portanto, nós vamos até assentar a última família acampada. Aí sim nós vamos ter a trégua que toda cidadania deseja: a da reforma agrária realizada", afirmou o ministro.
Ele disse que a trégua "é falta de sentido". "Nós não estamos em guerra com ninguém", disse.
A proposta de trégua partiu do MST como forma de pressionar o governo a desapropriar terras consideradas improdutivas no Pontal.
Líderes do movimento afirmaram que, se até o próximo domingo o governo não desapropriar fazendas na região, as invasões de terra serão retomadas. "A palavra está com o governo", afirmou anteontem José Rainha Jr..
Jungmann aproveitou uma entrevista sobre o encontro com líderes do MLST (Movimento de Libertação dos Sem-Terra) para fazer as críticas à posição do MST.
O ministro recebeu em audiência na tarde de ontem líderes do recém-criado MLST.
Jungmann disse que estava conhecendo ontem o movimento, criado na última quinta-feira.
"Eles propõem um diálogo com o governo. E o governo sempre está de portas abertas para quem quer dialogar", afirmou.
O MLST entregou um manifesto e uma pauta de reivindicações na reunião. Hoje, às 10h, um corpo técnico do Incra analisará os documentos em nova reunião com o MLST. O movimento tem raízes em facções radicais da esquerda do PT, com atuação concentrada em Estados do Nordeste. Apesar da proposta de diálogo, o MLST defende as invasões como "forma legítima de pressão política".

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