São Paulo, terça-feira, 26 de agosto de 1997
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MST pretende abrir agência na Europa

'Embaixada' coordenaria apoio internacional

PAULO HENRIQUE BRAGA
DE LONDRES

A líder sem-terra Diolinda Alves de Souza vai propor à direção nacional do MST que seja criada uma representação do movimento na Europa.
Diolinda, que está em Londres, encerra amanhã sua viagem de um mês pela Europa.
A líder dos sem-terra participou ontem de um debate no festival Greenbelt, promovido por entidades cristãs britânicas no interior da Inglaterra, que foi visto por cerca de 30 pessoas.
Para Diolinda, Genebra é a melhor cidade para criação da "embaixada" do MST. A cidade é uma das sedes da ONU (Organização das Nações Unidas).
Ela defendeu que o coordenador da organização na Europa seja um assentado e disse que os custos de manutenção do escritório do MST podem ser bancados pela direção nacional.
Diolinda afirmou que o objetivo do órgão será coordenar as ações de todos os grupos que apóiam os sem-terra na Europa e mostrar a "verdade sobre o Brasil no exterior, não a mentira que é vendida pelo governo federal".
Visibilidade
A decisão de criar as células que dão suporte ao movimento foi tomada durante uma reunião em Barcelona, em junho.
Segundo Diolinda, o MST tem hoje comitês na Inglaterra, França, Suíça, Alemanha, Holanda, Bélgica e Espanha.
Outra função da coordenação seria a de tornar o movimento mais visível a pessoas ou organizações internacionais que se disponham a ajudá-lo.
"O que falta aqui é informação. Há muitas pessoas interessadas em nos ajudar", afirmou.
Ao menos por enquanto, os Grupos de Amigos do MST, como são chamados, têm uma estrutura bastante modesta.
Em Londres, por exemplo, são apenas quatro pessoas, todos brasileiros com passado de militância em grupos de esquerda.
Segundo Iara Evans, integrante do grupo londrino, a célula do MST na capital britânica tem o apoio da Christian Aid e de outras três organizações que ela não quis identificar.
A Christian Aid, entidade assistencial ligada às igrejas católica e anglicana, bancou parte dos custos com a viagem de Diolinda e Agnor Bicalho, um dos fundadores do MST, que a acompanha. Segundo ela, o restante do dinheiro -transporte e alimentação, basicamente- será obtido por meio de uma rifa.

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