São Paulo, terça-feira, 26 de agosto de 1997
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CBF se antecipa a rastreio da Receita

MÁRIO MAGALHÃES
DA SUCURSAL DO RIO

Apesar de estar oficialmente de férias, o presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), Ricardo Teixeira, empenha-se em divulgar supostos gastos e prejuízos que a entidade teria registrado nos últimos anos.
Teixeira antecipa-se às investigações da Receita Federal sobre irregularidades nas negociações de passes de jogadores e na administração de clubes e entidades.
A CBF, segundo o dirigente, gastou R$ 3.463.000 na Olimpíada-96, amargando prejuízo no evento.
Teria pago R$ 50 mil de prêmio a cada atleta campeão da Copa América-97, novamente gastando mais do que arrecadando.
Desde 1995, a entidade teria despendido, só com as seleções de jovens e a feminina, R$ 5.885.000.
Com o programa de criação de escolinhas de futebol no Rio, no Piauí e em Minas Gerais, R$ 1.997.000, em dois anos.
O campeonato organizado entre times de adolescentes moradores de favelas do Rio teria custado R$ 1 milhão.
"A Copa América normalmente dá prejuízo. Não temos direito de TV, mas não podemos deixar de ir", afirmou Ricardo Teixeira.
Ele fez as declarações no fim da noite de anteontem, no programa "Debate Esportivo", da TV Educativa do Rio.
A divulgação de gastos e prejuízos foi um dos seus objetivos principais -ele tinha sobre sua mesa uma folha com o detalhamento das despesas, em vários itens.
Teixeira disse que a CBF tem prejuízo em quase todos os torneios de que o Brasil participa.
O balanço da entidade, portanto, se registrar lucro, deve ter superávit discreto, apesar do acordo com a Nike, que prevê pelo menos US$ 22 milhões anuais à CBF, além dos contratos de patrocínio, como com a Coca-Cola, e cachês por amistosos.
"Impeachment"
O dirigente defendeu a manutenção do Fluminense e do Bragantino na primeira divisão do Campeonato Brasileiro, apesar do rebaixamento dos times em 96.
Teixeira mandou um entrevistador "ler o estatuto".
Para ele, o estatuto da CBF limita em 24 os clubes participantes do Conselho Técnico, não da primeira divisão. O Brasileiro conta com 26 equipes.
Não foi contestado, embora até o presidente em exercício da CBF, Nabi Abi Chedid, tenha interpretação diferente, como afirmou no dia 19 de junho.
No artigo 37, está escrito que os participantes da "divisão principal" integram o Conselho Técnico.
O artigo 39 afirma que se deve obedecer o limite de 24 clubes ("entidades de prática de futebol") na divisão principal.
Teixeira disse que poderia ser afastado da presidência da CBF pela Justiça esportiva se estivesse desrespeitando o estatuto.
Lei Pelé
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Colaborou a Sucursal de Brasília

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