São Paulo, sexta-feira, 29 de agosto de 1997
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MST decide 'inchar' acampamentos

JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PRESIDENTE PRUDENTE

O colegiado dos 12 principais líderes do MST no Pontal do Paranapanema decidiu ontem retomar o que chama de "inchaço" dos acampamentos na região, no extremo oeste de São Paulo.
O MST estima haver hoje cerca de 3.000 famílias acampadas no Pontal -outras 14.600, de acordo com os líderes, estão cadastradas nas periferias das cidades.
Segundo o líder do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) Walter Gomes da Silva, os sem-terra pretendem dar uma demonstração de "força" ao ministro Raul Jungmann (Política Fundiária). "O ministro fala que não temos pessoal mobilizado. Vamos provar que sim", disse.
O resultado da reunião de ontem, no assentamento São Bento, em Sandovalina (640 km a oeste de São Paulo), mostra uma mudança de rumos na condução do conflito agrário no Pontal.
Até a semana passada, a direção do MST no Pontal dizia que passaria a trabalhar só com sem-terra cadastrados nas cidades.
"A conjuntura agora é outra. Já é quinta (ontem), e o governo não agiu com realismo, continua com esse discurso barato", disse Gomes da Silva, em referência à trégua de uma semana nas invasões, anunciada pelo MST no domingo.
Com a trégua, o MST pretende forçar o governo a desapropriar áreas para a reforma agrária.
"O povo está preparado, e isso aqui pode explodir", disse ele, que na semana passada recuou da ameaça de incendiar um banco.
O presidente da UDR (União Democrática Ruralista), Roosevelt Roque dos Santos, diz que a nova posição do MST "faz parte do jogo de mídia", mas não descarta novas invasões. "A técnica do MST é invadir, mas não acredito que tenham contingentes no Pontal. Os acampamentos estão vazios."
Paraná
Em pouco mais de um mês, o MST formou um acampamento com 800 famílias em Jardim Olinda (noroeste do Paraná), a 5 km da fronteira com São Paulo. O acampamento está em uma estrada vicinal próxima ao rio Paranapanema.

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