São Paulo, sexta-feira, 29 de agosto de 1997
Texto Anterior | Índice

Polícia suspeita de invasões interligadas

Comerciantes seriam financiadores

ESTANISLAU MARIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM ELDORADO DO CARAJÁS

A equipe da Delegacia Regional de Marabá, sudeste do Pará, investiga o envolvimento de comerciantes, agricultores e madeireiros de Eldorado do Carajás e Xinguara em invasões de terra no sul e sudeste do Pará.
A informação foi dada ontem pelo delegado regional de Marabá (500 km ao sul de Belém), Vicente de Paulo Costa, um dos comandantes da operação da PM e da Polícia Civil para retirar cerca de 80 invasores das fazendas Baguá e Volta do Rio, em Eldorado do Carajás (600 km ao sul de Belém).
Xinguara (800 km ao sul de Belém) é um foco antigo de conflitos. Em Eldorado, um confronto entre PM e MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) resultou no massacre de 19 sem terra, no ano passado.
Costa declarou que as invasões na região podem estar interligadas e teriam o financiamento de madeireiros, comerciantes e até outros fazendeiros.
O MST também está sob investigação. Anteontem, policiais civis estiveram na fazenda Macaxeira, assentamento dos sem-terra vizinho à fazenda Volta do Rio. O MST nega ligação com essas invasões.
Os cerca de 300 PMs que participam da operação na Baguá e na Volta do Rio, iniciada na terça-feira, continuaram ontem as patrulhas à procura dos invasores. Ninguém foi preso.
A Polícia Civil tem mandado de prisão para sete homens acusados de homicídio. Segundo os policiais, os invasores podem estar escondidos na mata. A operação continua hoje.
Dois funcionários da fazenda Baguá confirmaram ontem que viram os seguranças da fazenda deter dois homens no último sábado.
"Eles prenderam os dois, que estavam dentro da fazenda, e levaram para as baias dos cavalos", disse Antônio Dias Silva, 18.
"Os dois estavam desarmados e diziam não ser invasores", disse o funcionários Marcos Antônio Martins, 20.

Texto Anterior: Ruralistas pressionam governo de MS
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.