São Paulo, sexta-feira, 29 de agosto de 1997
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Nem Jorge Dória salva "Prometeu"

NELSON DE SÁ

Nos 50 anos de teatro do ator Jorge Dória, um espetáculo de 50 anos atrás. E entende-se, afinal, por que o novo teatro e a crítica que começavam então insurgiram-se contra tais espetáculos, e com tamanha violência. A peça tem o propósito evidente de reproduzir aquele velho teatro, com o seu humor grosseiro, com o seu moralismo, até com seu personagem caipira -daí Mazzaropi, nas adaptações para o cinema. Um teatro tosco, que causa aversão com a sua vulgarização do próprio palco. Jorge Dória merecia coisa melhor no cinquentenário de carreira. Ano passado ganhou uma homenagem à altura, uma homenagem também ao velho teatro, mas em outro tom. Ao lado de Mesquitinha, foi verdadeiramente ingênuo, apesar da ironia, em "Gaiola das Loucas". Brincou, carregou nos "cacos", fez rir. Agora, bem que tenta, esforça-se na improvisação, nesse talento inquestionável seu, talvez único no teatro de hoje. Mas enfrenta um espetáculo, sobretudo um texto, que parece drenar as suas forças. É preconceituoso para além do suportável -como bem mostravam as reações de uma espectadora, com pequenos gritos de susto diante do sexismo e dos abusos, na apresentação vista. Jorge Dória, o grande comediante, o herdeiro e talvez último representante na linhagem de Procópio Ferreira, de Jaime Costa, é melhor do que esta peça.

PROMETEU ENGAIOLADO Texto: Chico de Assis. Direção: João Bethencourt. Com: Jorge Dória e outros. Maria Della Costa (r. Paim, 72, Consolação, região central, tel. 256-9115). 370 lugares. Qui. a sáb.: 21h. Dom.: 18h. Até 21/12. 80 min. 12 anos. Ingr.: R$ 20 (qui. e sex.), R$ 25 (dom.) e R$ 30 (sáb.). Estac. (R$ 5).

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