São Paulo, sexta-feira, 29 de agosto de 1997
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Objetivo é globalizar nomes

LUCIA MARTINS
DA REPORTAGEM LOCAL

O objetivo principal da reformulação da nomenclatura do corpo é criar uma linguagem "globalizada" e evitar erros.
O caminho para isso foi achar nomes mais precisos. Evitar, por exemplo, chamar partes do corpo com o nome de cientistas ou médicos que estudaram as regiões.
"Nomes de pessoas não dizem nada", afirma Liberato Di Dio, secretário-geral do comitê internacional responsável pela nova terminologia.
Dois exemplos dessa troca foram a mudança da trompa de Eustáquio e das trompas de Falópio. A primeira virou tuba auditiva e a segunda, tubas uterinas. Tubas e trompas são instrumentos de sopro usados pelos romanos. Os cientistas acharam que os canais se pareciam mais com tubas.
Di Dio dá outro exemplo de confusão causada por nomes de cientistas. A válvula ileocecal (no intestino delgado) podia ser chamada de nomes de diferentes cientistas de nacionalidades que estudaram o local.
Em livros distintos, a região poderia ser achada com o nome de válvula de Varolio (Itália), ou de Bauhin (Suíça), ou de Achillini (Itália), ou de Rondelet (França), ou ainda Tulpius (Holanda).
A válvula hoje é chamada de papila ileal, porque fica no íleo e não se parece com uma vávula, mas com um mamilo (ou papilo).
Mesmo não fazendo homenagem a pesquisadores, alguns nomes foram mudados para dar mais dicas sobre a região nomeada e evitar confusão com outras. É o caso da amígdala, que passou a ser tonsila.
Tonsila quer dizer "massa arredondada de tecido", em latim, por isso define melhor o local. Além disso, a troca do nome evitar possível confusão com a amígdala cerebral.
O presidente do comitê internacional responsável pelas mudanças, Ian Whitmore, dá exemplo de uma confusão.
"Li um paper de um colega que falava sobre uma região perto do pescoço e decidi citá-lo em um trabalho. Depois de publicado, esse colega me ligou e disse que tinha havido um mal-entendido, porque a parte que ele mencionou não era a mesma que eu tinha entendido. E o problema não foi de tradução."
(LM)

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