São Paulo, sexta-feira, 29 de agosto de 1997
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Crise da Encol

Principais pontos levantados pelo relatório da Delloite
1 - Pedro Paulo de Souza era procurador da empresa Wheycal Trading Corp., constituída nas Ilhas Virgens Britânicas. Ele e dois ex-diretores podiam movimentar a conta da empresa na Suíça
2 - Nas Ilhas Virgens, os auditores apontaram a possível existência de mais duas empresas, a Stick Construction Ltda. e a San Remo Engineering Ltda, que teriam ligações com contratos de empreendimentos na Nigéria
3 - Identificou duas empresas no exterior que podem ter sido usadas para desvio de dinheiro, a Encol International Limited, no Reino Unido, e a Encol International S/A, no Uruguai
4 - A Encol uruguaia não foi registrada no balanço patrimonial da Encol S/A, a Encol no Reino Unido consta como investimento até dezembro de 92 e depois desaparece
5 - Há descontrole na contabilidade da empresa, como o empréstimo de R$ 175 mil feito a Francisco Flávio, irmão de Pedro Paulo. A empresa não fez registro do empréstimo em contrato
6 - Registra descontrole nos negócios imobiliários, permutas de imóveis por terrenos estão mal contabilizadas

Os números da Encol
Em R$
Ativo: 1,7 bilhão
Passivo: 2,9 bilhões
Dívidas fiscais: 228,7 milhões
Dívidas com os 38 bancos: 568 milhões
* Banco do Brasil: 180 milhões
* Banespa: 87 milhões
* Itaú: 62 milhões
* Caixa Econômica Federal: 28 milhões
Dívidas com fornecedores: 39,1 milhões
Dívidas com mutuários:
* Imóveis pagos e concluídos: 182 milhões
* Imóveis pagos e não concluídos: 815,3 milhões
* Imóveis não quitados e concluídos: 27,7 milhões
* Imóveis não pagos e em construção: 884,8 milhões

O que os mutuários devem fazer/conselhos dos advogados:
* Procurar outros clientes lesados pela empresa (Associação Nacional dos Clientes da Encol)
* Entrar na Justiça em ações conjuntas e não individuais
* Parar de pagar as parcelas -após consultar o advogado
* Clientes que deram terrenos em troca de imóveis podem pedir reitegração de posse

A empresa possui
710 empreendimentos parados em todo o país; 42 mil clientes esperam a retomada das obras

Cronologia
Mai.95
Construtora nega os primeiros boatos sobre dificuldades financeiras. A empresa alega que possui apenas 180 clientes em atraso, 0,4% do total de 45 mil clientes que possui no país

Jun.95
Fincef (fundo de pensão dos funcionários da Caixa Econômica Federal) assume 60% do Hotel Renaissance, que a Encol está erguendo em SP

Out.95
Banco Pactual, contratado para fazer a reestruturação da Encol, faz proposta para redução do endividamento da empresa, que chega a R$ 416 milhões. Sugere abertura de capital ou uma emissão de títulos a longo prazo

Out.95
Receita investiga certidões negativas de débitos falsas obtidas pela construtora

Jun.96
Funcef assume outro projeto da Encol, a construção de um centro empresarial em São Paulo

Out.96
Empresa sofre "intervenção branca" do Banco do Brasil, que indica Antônio Alberto Mazali para cuidar das finanças da construtora

Nov.96
Clientes começam a mover ações contra a empresa na Justiça, alegando que a Encol deu seus imóveis como garantia de empréstimos

Jan.97
Pedro Paulo de Souza é afastado da presidência da Encol. Jorge Washington Queiroz assume o cargo por indicação dos bancos credores. Endividamento da empresa chega a R$ 600 milhões

Mar.97
Bancos discutem a formação de um pool de credores para salvar a empresa

Jul.97
Construtora anuncia retomada das obras paradas com financiamento direto aos clientes

31.jul.97
Banespa desiste do acordo

1º ago.97
Banespa decide voltar a aderir ao acordo. Outros credores ainda estudam as propostas

16 ago.97
Promotores de defesa do consumidor de Brasília instauram inquérito civil para apurar danos causados aos clientes da construtora

19 ago.97
Auditoria feita pela empresa Deloitte Touche Tohmatsu aponta evidência de sonegação de impostos, desvio de dinheiro, uso de caixa 2 e prejuízo de R$ 380 milhões. Bancos credores desfazem o pool

20 ago.97
Jorge Washington Queiroz é afastado da presidência da Encol por um conselho presidido por Pedro Paulo de Souza

24 ago.97
O diretor de Crédito do Banco do Brasil, Edson Soares Ferreira, diz que os bancos credores da Encol querem a falência da construtora. Ele nega as acusações de que chefiava as concessões de crédito para a empresa

26 ago.97
Investigações feitas pela Polícia Federal apontam irregularidades na Encol desde 93. Entre elas, há até envolvimento com o chamado esquema PC Farias. O Ministério da Previdência sugere que a dívida da Encol junto ao INSS seja paga pelos 42 mil mutuários

Anteontem
Reunião entre clientes, credores e empresa vê a falência como inevitável

Ontem
Acordo fica mais difícil. Credores voltam a pedir a falência

Fontes: Banco do Brasil e auditoria preliminar da Deloitte Touche Tohmatsu

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