São Paulo, sexta-feira, 29 de agosto de 1997
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Austrália debate fim da monarquia

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O Parlamento australiano aprovou ontem a convocação de uma convenção nacional para discutir sua forma de governo.
A convenção é uma vitória para os republicanos e pode significar a convocação ainda neste século de um plebiscito para romper os últimos elos que ligam a Austrália à antiga metrópole, o Reino Unido.
Ainda que o país seja independente desde 1901, sua Constituição é formalmente um ato do Parlamento britânico e seu chefe de Estado, o monarca do Reino Unido.
O premiê John Howard, monarquista e conservador, informou que a convenção se reunirá em meados de 1998 e que a eleição de metade dos 152 delegados ocorrerá neste ano -a outra metade será indicada pelo governo entre integrantes de sua bancada, da oposição e de fora do Parlamento.
A forma de eleição dos delegados foi o último empecilho superado para a aprovação da medida. A oposição trabalhista, majoritariamente republicana, defendia o voto obrigatório. Já o governo propunha o voto postal e facultativo. A mudança de posição de dois senadores assegurou a vitória oficial.
Howard chegou a ameaçar o cancelamento da convenção. "Se a legislação não passasse hoje, o tema da república estaria morto", disse o senador ambientalista Bob Brown. Monarquistas e republicanos aplaudiram a decisão.
"Finalmente a guerra falsa acabou e nós vamos ter a chance de provar nas urnas o apoio declinante a qualquer tipo de república", afirmou Kerry Jones, líder do movimento Australianos pela Monarquia Constitucional.
"Essa é nossa única chance no governo conservador, não apenas de avançar a causa da república, mas de tirar a questão das mãos dos políticos", disse o republicano e ambientalista Brown.
As pesquisas de opinião indicam um fortalecimento do sentimento republicano, depois de uma forte queda após a vitória dos conservadores, no ano passado.
Ao mesmo tempo que o Parlamento debatia um possível rompimento dos últimos elos com a potência européia, o Ministério das Relações Exteriores procurava remover entraves a suas relações com os vizinhos asiáticos.
Documento oficial de ontem diz que "a rejeição da discriminação racial não é só uma questão moral, é fundamental para a nossa aceitação pela, e engajamento na, região onde estão nossa segurança vital e nosso interesse econômico".
Funcionários do ministério esperam que os vizinhos asiáticos encarem o documento como resposta à deputada Pauline Hanson, para quem o país está sendo varrido por imigrantes asiáticos.

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