São Paulo, sábado, 30 de agosto de 1997
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Ação quer evitar corte de árvores no PA

DA SUCURSAL DO RIO

A Procuradoria da República em Santarém (PA) e o Ministério Público estadual deverão entrar na Justiça federal, até a próxima semana, com ação civil pública pedindo a suspensão do edital de concessão para exploração madeireira na Floresta Nacional de Tapajós.
Proprietário da floresta, o Ibama (Instituto Nacional do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) publicou edital de licitação de concessão para a exploração, pela iniciativa privada, de um lote inicial de 1.000 hectares.
A 60 km ao sul de Santarém, a floresta nacional tem um total de 685 mil hectares. Projeto do Ibama visa uma suposta exploração racional, ao longo de cinco anos, de um total de 5.000 hectares da área de Tapajós.
A ação civil pública atende a uma representação da organização não-governamental Amigos da Terra, que critica a concessão para o corte de árvores por madeireira.
A entidade ambientalista Greenpeace também não concorda com o projeto do governo federal. A assessoria de imprensa do Ibama informou que, se a Justiça decidir pela suspensão do edital, o órgão vai recorrer.
Para a direção do Ibama, a exploração racional de Tapajós -com técnica adequada de manejo das árvores cortadas e fiscalização rigorosa- será um exemplo de solução para o problema florestal da Amazônia.
Com o sucesso do projeto, outras florestas nacionais na Amazônia seriam abertas para a iniciativa privada. No caso de Tapajós, o Ibama promoveu o inventário das espécies existentes em 1.000 hectares de floresta (algo como 1.000 campos de futebol), marcando as que podem ser cortadas no primeiro ano de concessão.
Foram preservadas as matrizes adultas, para o fornecimento de sementes visando a recomposição das áreas que tiverem árvores cortadas. A abertura das propostas das madeireiras concorrentes está marcada para 15 de setembro.
O coordenador do Programa Amazônia de Amigos da Terra, Roberto Smeraldi, 37, disse que "em tese seria desejável" a abertura de concessões para a exploração racional do corte de árvores em terras públicas. Mas, segundo ele, "a forma como isso está sendo feito pelo Ibama é profundamente equivocada".
A ONG e o Greenpeace acham também que, antes de abrir áreas para madeireiras, o Ibama deveria se capacitar para promover uma rigorosa fiscalização na Amazônia. O Ibama informou que será feita rigorosa fiscalização, com o apoio da Universidade Federal do Pará e de outros organismos.

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