São Paulo, sábado, 30 de agosto de 1997 |
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Moradores do Minhocão não querem ser retirados da rua
MARCELO OLIVEIRA
O prefeito anunciou esta semana que os cerca de 150 moradores de rua da área serão cadastrados na segunda etapa do programa da prefeitura que empregou, de março a maio deste ano, 334 moradores de albergues como varredores de rua. Os moradores de rua dizem que não querem mudar para albergues e que a prefeitura não poderá forçá-los. "Albergue é para quem gosta de sopa. Não vou de jeito nenhum. Onde é que eu vou colocar a minha carroça?", indaga o catador de sucata Rafael Leal, 52, que vive com a companheira Teresa Mendes, também de 52, na esquina da avenida São João com a alameda Nothmann. Leal diz que ele e a mulher arrecadam cerca de R$ 600 com a venda de latinhas que apanham durante a madrugada. "Sou um profissional", diz o padeiro desempregado Hércules Cavalcanti, 33, nascido em Campo Grande (MS), que mora há dois meses sob o Minhocão, na esquina das ruas Amaral Gurgel e General Jardim. Segundo Cavalcanti, a prefeitura não precisa se preocupar com alojamento. "Basta cortarem o meu cabelo, me arranjarem uma roupa e darem meus documentos, que eu 'me viro' sozinho", diz. Cavalcanti afirma que o "arrastão" já começou. "Esta semana vieram uns caras da prefeitura e levaram meu colchão e outras coisas, dizendo que eu não podia mais ficar." Segundo a assessoria de Celso Pitta, a data da operação que retirará os moradores de rua só será definida na próxima semana. Segundo a prefeitura, a retirada não será forçada, como temem os andarilhos. O trabalho será conduzido por assistentes sociais da Secretaria da Família e do Bem-Estar Social, com apoio da Secretaria das Administrações Regionais e da Guarda Municipal. Reforma Outro setor da prefeitura que vai mexer no Minhocão é a Secretaria de Vias Públicas que inicia em março a reforma do elevado Costa e Silva. A licitação, segundo o Superintendente de Obras da Secretaria de Vias Públicas, Paulo Taliba, começa mês que vem. A reforma do Minhocão prevê reparo em todas as curvas com defeito. "Há curvas para a direita em que o lado esquerdo da pista tem que ser elevado para evitar acidentes." As grades atuais serão substituídas por proteções de concreto. O forro e a iluminação serão trocados. O sistema de drenagem será modificado, pois o atual, segundo Taliba, permite a formação de poças d'água na pista. Também serão corrigidas as juntas de dilatação -as atuais causam desconforto ao motorista. Texto Anterior: As mudanças no Código Nacional de Trânsito Próximo Texto: Varredor arrumou emprego e família Índice |
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