São Paulo, sábado, 30 de agosto de 1997 |
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Londres aceita republicanos em diálogo
PAULO HENRIQUE BRAGA
O Sinn Fein, braço político do grupo terrorista IRA (Exército Republicano Irlandês), vai se sentar à mesa de negociações a partir 15 de setembro. A ministra do Reino Unido para a Irlanda do Norte, Mo Mowlam, fez o anúncio histórico na capital da Irlanda do Norte, Belfast. Ela disse que não há evidência de atividade do IRA, mantendo o cessar-fogo há seis semanas, o segundo em três anos. Londres havia imposto o "período de quarentena" para testar a seriedade dos republicanos quanto a uma trégua rumo à paz definitiva. A trégua era condição para a entrada do Sinn Fein no diálogo. A principal dúvida é a participação de protestantes. Dois partidos pró-britânicos radicais já anunciaram que não negociarão com "terroristas". A maior força política protestante, o Partido Unionista do Ulster, deve tomar parte, mesmo que apenas de forma indireta. O líder da partido, David Trimble, disse que os membros do Sinn Fein têm "as mãos manchadas de sangue" e deve se recusar, de início, a negociar frente a frente com os republicanos. Uma solução seria o uso de intermediários, como foi feito no acordo de paz que pôs fim à guerra na Bósnia. Os grupos ficariam em salas separadas, e intermediários circulariam de um cômodo a outro. Martin McGuinnes, negociador-chefe do Sinn Fein, argumentará que a divisão da Irlanda em 1921 foi um erro. O partido visa a união da Irlanda do Norte à República da Irlanda. Naquele ano, o governo britânico aceitou a independência da República da Irlanda, mas manteve sob seu controle a parte norte da Província. McGuinness disse, porém, que seu grupo está disposto a ouvir a posição dos protestantes nas negociações. Os EUA elogiaram o esforço conjunto dos governos britânico e irlandês para a realização das negociações. O presidente do Sinn Fein, Gerry Addams, estará no país na semana que vem para encontros com autoridades e congressistas norte-americanos. A questão mais delicada do debate deve ser o desarmamento do IRA. No início da semana, os governos do Reino Unido e da Irlanda anunciaram planos para uma comissão internacional independente para monitorar a entrega de armas. O desarmamento ocorrerá de acordo com o progresso das negociações. Unionistas consideram inaceitável que o IRA mantenha suas armas durante o diálogo. Texto Anterior: Mendigos acusam polícia de Caracas Próximo Texto: A divisão na Irlanda do Norte Índice |
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