São Paulo, domingo, 31 de agosto de 1997 |
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Atual presidente do PT defende alianças
CARLOS EDUARDO ALVES
(CEA) * Folha - Por que o sr. não apóia Milton Temer? José Dirceu - Temos avaliações diferentes sobre o momento brasileiro. O partido precisa se definir e é até por isso que o Lula saiu delegado pela nossa chapa. A unidade do partido virá do debate político e de resoluções de uma maioria. Folha - O que representaria uma vitória de Milton Temer? Dirceu - Isso não vai acontecer. Ganhamos os encontros estaduais. Nossa política de alianças foi aprovada pela maioria dos delegados. Nossa proposta de reestruturação do PT, com estatuto novo e um congresso, tem apoio da maioria. Temer tem outra política de alianças e outra visão do PT. Nossa visão é para abrir o partido para a sociedade e manter o PT como partido popular, mas com vocação de governo. Queremos manter o PT como partido socialista, mas que nesse momento disputa no Brasil como alternativa de poder. Folha - É necessário enquadrar ou expulsar alguma tendência? Dirceu - Nem enquadrar nem expulsar. O partido não pode ser um partido de personalidades, mas também não pode haver submissão política das tendências do PT a resoluções de organizações legítimas de nível internacional. O que estamos propondo é aprovar um texto-base sobre o problema e que ele seja enviado aos diretórios. Depois, tirar uma decisão, num encontro extraordinário. Folha - O que o PT tem que fazer para chegar ao poder? Dirceu - Em primeiro lugar, precisa fazer alianças de esquerda e mais amplas que a esquerda. Disputamos com uma coalizão conservadora que tem apoio internacional e no Brasil de quase todo o grande empresariado e de parte determinante da mídia. Em segundo lugar, oferecer à sociedade uma plataforma comum com outros partidos de esquerda, com candidatura única. Precisamos eleger uma bancada dessa coalizão que dê governabilidade e aumente a mobilização social. Folha - O que é necessário mudar no PT? Dirceu - Ser cada vez mais um partido popular, abrir seus diretórios para a cidadania e se preparar cada vez mais para governar, ou seja, produzir políticas públicas. Folha - A chamada centro-esquerda, cortejada pelo sr., quer se aliar ao PT? Dirceu - Depende do que se entende por centro. A esquerda quer se aliar ao PT. O centro não existe como partido. Temos que disputar setores da classe média, de pequenos e médios empresários, e lideranças como Roberto Requião (PMDB-PR) e Jackson Barreto (PMDB-SE), além de personalidades e lideranças da sociedade civil. Ampliar a aliança para além da esquerda para enfrentar FHC. Folha - Por que os jovens abandonaram o PT? Dirceu - Eles não abandonaram o PT. Precisamos mudar a política com relação aos jovens. O que o PT não tem é uma política cultural para a juventude, e essa é uma das nossas propostas. Folha - O caso Cpem e as pressões de Lula para inocentar seu amigo Roberto Teixeira não igualam o PT aos outros partidos? Dirceu - O caso Cpem ficou esclarecido. A comissão de averiguação fez um parecer, entregamos ao Ministério Público e a Justiça vai dar a última palavra. O PT não recebeu recursos da Cpem para a nossa campanha eleitoral. As nossas prefeituras é que romperam contrato com a Cpem, e o Lula não pressionou ninguém. Texto Anterior: Temer quer partido longe dos 'pais' do Real Próximo Texto: Raio X dos candidatos à presidência do PT Índice |
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