São Paulo, domingo, 31 de agosto de 1997
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Corte de árvores ajuda planos de habitação

RONI LIMA
ENVIADO ESPECIAL A CANELA (RS) E A IRATI (PR)

O corte planejado de árvores por madeireiras em florestas federais da Região Sul está sendo viabilizado a partir de convênios para a construção de casas populares e a execução de projetos de educação ambiental e de ecoturismo.
Ao fechar parcerias com prefeituras para o uso social de florestas, o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) quer demonstrar a viabilidade de um modelo racional de produção madeireira.
Um bom exemplo do que pretende o Ibama é a Flona (Floresta Nacional) de Irati, no município de Fernandes Pinheiro (PR), a 150 km de Curitiba. Com problemas administrativos e sem recursos, a floresta estava com seus trabalhos paralisados.
Há um ano, porém, o superintendente do Ibama no Paraná, Jonel Nazareno Iurk, 43, conseguiu fechar acordo com as prefeituras das cidades de Irati, Imbituva e Teixeira Soares que começou a tirar a área de seu estágio de anos de abandono.
Em troca da cessão de 15 funcionários para trabalhar na Flona de Irati -desde engenheiros florestais a operários de limpeza-, as prefeituras passaram a receber madeira para tocar programas de habitação popular.
Em um ano, a Prefeitura de Imbituva, por exemplo, construiu 60 casas de madeira. A de Teixeira Soares fez 15 e reformou 50. "Nossa madeira funciona como papel-moeda", diz o diretor da Flona, Luis Antonio Uchôa, 50.
A Flona de Irati pôde então retomar o programa que justificou, nos anos 40, a criação das primeiras florestas nacionais pelo governo Getúlio Vargas: provar que era viável o reflorestamento planejado para a produção de madeira.
Com apenas três funcionários e 3.495 hectares de área total, a Flona de Irati estava até agosto de 96 praticamente sem ter trabalho de corte de pínus em seus 1.273 de hectares de floresta plantada para a exploração madeireira.
Segundo Uchôa, ainda existem árvores que deveriam ter sido cortadas há 17 anos.
A pleno vapor, o corte de quadras da floresta plantada (com posterior replantio) renderia por ano R$ 400 mil ao Ibama.
Com a ajuda dessas e de outras prefeituras que deverão integrar o programa, o Ibama quer aos poucos retomar a produção plena -destinando, já em 98, um volume de madeira suficiente para a construção de 150 casas em cada município.
Em paralelo, vem sendo realizado um trabalho de educação ambiental com alunos do 1º e 2º graus de dez municípios da região.

O repórter Roni Lima viajou a convite do Ibama

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