São Paulo, domingo, 31 de agosto de 1997
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Substitutos de d. Paulo e d. Eugênio só saem em 98

LUIS HENRIQUE AMARAL
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

Os sucessores dos cardeais de São Paulo, d. Paulo Evaristo Arns, e do Rio de Janeiro, d. Eugênio Sales, só deverão ser anunciados pelo Vaticano no início de 1998.
D. Eugênio, que completa 77 anos em novembro, e d. Paulo, que fará 76 em setembro, já atingiram a idade para a aposentadoria compulsória, 75 anos.
A especulação quanto à data do anúncio dos sucessores dos cardeais se deve à recente nomeação de d. Eugênio para uma das três presidências do "Sínodo dos Bispos para a América", que acontece em Roma entre os dias 16 de novembro e 12 de dezembro. Ele foi escolhido pelo papa João Paulo 2º.
Segundo a Folha apurou junto a bispos e arcebipos que participaram até sexta-feira da reunião do Conselho Permanente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), em Brasília, o papa não substituirá d. Eugênio antes do fim do sínodo. A substituição de d. Paulo deve acontecer perto da de d. Eugênio.
Para os bispos, que não dão entrevistas oficiais sobre o assunto por se tratar de um "segredo de Estado" do Vaticano, seria "politicamente incorreto" o papa substituir primeiro d. Paulo. Motivo: ele é um ano mais novo que d. Eugênio e ficaria caracterizado um privilégio ao arcebispo do Rio.
O sínodo é um encontro do papa com seus bispos. A CNBB vai ser representada por 15 bispos e arcebispos eleitos em abril durante sua assembléia-geral. Os cinco cardeais brasileiros também irão.
Há dois meses, a Nunciatura Apostólica (a embaixada do Vaticano no Brasil) enviou cartas para a maior parte dos 56 arcebispos e cinco cardeais brasileiros solicitando que indicassem nomes para a sucessão de d. Paulo.
Trata-se do primeiro passo para a escolha do novo cardeal. Os nomes mais citados serão enviados para o Vaticano junto de uma análise feita pela nunciatura.
Os nomes serão analisados por João Paulo 2º e seus auxiliares mais próximos. Eles poderão escolher um deles ou indicar outro nome.
Há alguns meses, d. Paulo enviou uma consulta sobre seu processo de substituição ao Vaticano. Para os amigos, ele afirma que já é hora de partir para novos desafios. A carta ainda não foi respondida.
O nome mais cotado para substituir d. Paulo, ou até d. Eugênio, é o do bispo da Diocese de Santo Amaro (zona sul de São Paulo), d. Fernando Figueiredo, 58.
D. Geraldo Majella Agnelo, 64, que foi arcebispo de Londrina (PR) e hoje trabalha no Vaticano, é citado para o cargo de d. Paulo.
Frequentemente -lembram alguns bispos- os nomes mais cotados não acabam indicados.
D. Fernando tem dito a amigos que gostaria de ficar mais cinco anos em Santo Amaro. Ele assumiu o cargo em 1989, quando o papa dividiu a Arquidiocese de São Paulo para diminuir o poder de d. Paulo. Acredita que seu trabalho por lá ainda não terminou.
A favor dele conta o fato de ser próximo ao papa e um dos expoentes do chamado "clero conservador", que defende uma menor participação da igreja na política e tem a simpatia do papa.
Moderado, d. Geraldo Majella seria uma solução mais diplomática para a substituição de d. Paulo. Ele se formou padre em São Paulo e é próximo do cardeal paulistano. Ao mesmo tempo, trabalha junto e tem a confiança de João Paulo 2º.

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