São Paulo, domingo, 31 de agosto de 1997
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Biblioteca traz "Marília de Dirceu", de Tomás Gonzaga

DA REDAÇÃO

A "Biblioteca Folha" lança, em parceria com a Ediouro, na próxima quinta-feira (dia 4), o livro "Marília de Dirceu", de Tomás Antônio Gonzaga.
Ao comprar a Folha de quinta nas bancas, o leitor adquire, por R$ 1,80, o livro "Marília de Dirceu" e ganha uma apostila com informações e exercícios que avaliam a compreensão do livro.
Os próximos lançamentos são "Noite na Taverna", de Álvares de Azevedo (no dia 11), e "Viagens Na Minha Terra", de Almeida Garret (no dia 18).
Autor e obra
Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810), português do Porto, veio para o Brasil aos sete anos, e foi, com Cláudio Manuel da Costa, um dos expoentes do arcadismo mineiro, escola poética de inspiração neoclássica, que valorizava o equilíbrio das formas, a expressão harmônica e os temas bucólicos e pastoris.
"Gonzaga é o melhor exemplo de poesia neoclássica brasileira", diz o professor Fernando Teixeira de Andrade, 50, coordenador de literatura do curso Objetivo.
Segundo ele, o mais importante de assimilar em "Marília de Dirceu" é que o livro obedece às convenções do arcadismo -ou seja, temas latinos que vêm da tradição de Horácio (68-8 a.C.), que são o bucolismo e o pastoril.
"Em parte, o livro se refere a um episódio sentimental do próprio Gonzaga. É o lirismo tratado de forma pessoal."
Teixeira afirma ainda que há características específicas na poesia de Gonzaga: referências à paisagem mineira, à cana-de-açúcar, à criação de gado e à mineração.
"Ele liga o gênero europeu e o lirismo a notas sobre a paisagem real de Minas Gerais", explica o professor.
O poema pode ser dividido em duas fases distintas. A primeira é a das liras, que configuram o arcadismo convencional, com traços de otimismo, narcisismo e esperança na vida futura. Ou seja, está nos padrões neoclássicos europeus.
A segunda foi escrita enquanto Tomás Antônio Gonzaga estava na prisão, explica Fernando Teixeira. "Daí é possível notar um certo tom de revolta e amargura. Identificam-se aí aspectos pré-românticos", afirma.
É importante ressaltar, segundo ele, que a figura de Marília nem sempre é projeção da noiva de Gonzaga, Maria Dorotéia Joaquina de Seixas.
"Algumas vezes, ela é uma pastora convencional."
Teixeira conta ainda que Gonzaga era "o mais bem equipado intelectualmente dos que participaram da Inconfidência Mineira".
Títulos publicados
"Marília de Dirceu" é o 12º volume da coleção, que já publicou os seguintes títulos: "Espumas Flutuantes", de Castro Alves, "O Primo Basílio", de Eça de Queirós, "Iracema", de José de Alencar, "Memórias Póstumas de Brás Cubas", de Machado de Assis, "O Noviço", de Martins Pena, "A Relíquia", de Eça de Queirós, "Três Autos", de Gil Vicente, "Amor de Perdição", de Camilo Castelo Branco, "Clara dos Anjos", de Lima Barreto, "Sonetos", de Bocage, e "As Pupilas do Senhor Reitor", de Júlio Dinis.

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