São Paulo, domingo, 31 de agosto de 1997
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Importação de grãos cresce 180% na década

MAURICIO ESPOSITO
MAURO ARBEX

MAURÍCIO ESPOSITO; MAURO ARBEX
DA REPORTAGEM LOCAL

Balança do setor ainda é positiva, mas compra do exterior passou de US$ 2,4 bi para US$ 6,8 bi em sete anos

As importações de produtos agropecuários do Brasil cresceram mais que as exportações desde 1990, quando começou a política de abertura comercial do país.
O saldo da balança comercial agropecuária continua sendo positivo, isto é, as exportações são maiores que as importações.
No entanto o país está gastando uma volume cada vez maior de divisas para garantir o abastecimento do mercado interno.
As exportações, no mesmo período, passaram de US$ 8,543 bilhões para US$ 15,363 bilhões- aumento aproximado de 80%.
"As exportações cresceram e o país manteve um superávit. É o que se deve esperar de um setor competitivo", disse o economista.
Mesmo assim, afirma, o governo cometeu alguns "exageros", como no caso do algodão.
"A alíquota do Imposto de Importação do produto foi zerada em 90 e o setor não aguentou", disse.
Em 1995 foram importadas 282 mil toneladas de algodão em pluma, volume que subiu para 385 mil toneladas no ano seguinte.
Para 1997, a previsão é que as importações totalizem 460 mil toneladas. Os dados são da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), órgão do Ministério da Agricultura.
As importações de arroz também deverão crescer neste ano, podendo chegar a 1,2 milhão de toneladas, segundo a Conab, ou 1,8 milhão, de acordo com estimativas do mercado.
No ano passado, de acordo com o governo, as importações de arroz somaram 977 mil toneladas.
Segundo o presidente da OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras), Dejandir Dalpasquale, as importações de arroz não se justificam, já que o Rio Grande do Sul -maior Estado produtor- tem grande estoque do grão.
Para o economista Fernando Homem de Melo, da USP (Universidade de São Paulo), o crescimento do consumo nos primeiros anos do Plano Real foi um dos fatores que causaram o aumento das importações.
Segundo o economista, a produção agropecuária brasileira não cresceu o suficiente para atender essa nova demanda.
Além disso, acrescentou, a sobrevalorização da taxa de câmbio prejudicou o desempenho das exportações.
O saldo da balança comercial agropecuária entre 1990 e 1996 passou de US$ 6,105 bilhões para US$ 8,537 bilhões. Neste ano, devido aos altos preços da soja e do café no mercado internacional, a expectativa é que o saldo seja de até US$ 12 bilhões.
No próximo ano, segundo Homem de Melo, com os preços do café e da soja menos favoráveis, as receitas com as exportações agrícolas poderão sofrer redução de até US$ 1,5 bilhão.
O governo acredita na manutenção das receitas com as exportações, devido à previsão de aumento de safra.
Dalpasquale lembra que na safra 88/89 o Brasil chegou a produzir 6 milhões de toneladas de trigo e ficou perto da auto-suficiência.

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