São Paulo, domingo, 31 de agosto de 1997
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Egito terá de repartir o Nilo

The Wall Street Journal
de Nova York

DO "THE WALL STREET JOURNAL"

"O Nilo é o Egito, e o Egito é o Nilo", diz o ditado. "Mas isso pode estar a ponto de mudar", afirma o diário. O jornal relata que o Egito está enfrentando a necessidade de dividir cada vez mais a água com seus vizinhos à jusante do rio.
Mais de 85% das águas do Nilo vêm do Nilo Azul, nas terras altas da Etiópia. O resto flui das colinas de Burundi, através do Sudão.
O Egito fica na vazante, em relação a esses países. "No entanto, sua água sempre esteve segura porque seus vizinhos africanos eram economicamente anões, envolvidos em guerras civis e muito fracos para construir barragens ou canalizar tributários do Nilo", afirma o "Wall Street".
A situação mudou. O jornal relata que a Etiópia está acordando economicamente. A população do país já é tão grande quanto a do Egito e cresce depressa. Várias empreiteiras do mundo todo estão oferecendo planos para construção de barragens e canais.
"Centenas de pequenos diques, principalmente para irrigação, estão sendo construídos e, oportunamente, dizem os hidrólogos, vão causar uma diminuição considerável no fluxo para o Egito."
O Egito, por sua vez, deu início a um projeto de US$ 2 bilhões que vai bombear água do lago Nasser para irrigar terras no deserto no leste do país, informa o "Wall Street". O lago Nasser foi formado pela represa de Assuã.
Isso põe os dois países "em rota de colisão que ambos terão dificuldade em mudar", disse ao jornal Dale Wittington, hidrólogo da Universidade da Carolina do Norte que participou de um congresso neste ano em Adis Abeba.
O fato é que, segundo o jornal, não há água suficiente no Nilo para os projetos de irrigação de Egito e Etiópia. O jornal observa que "as três principais bacias hidrográficas do Oriente Médio -a do Nilo, a do Jordão e a do Tigre-Eufrates- estão em disputa e potencialmente são focos de guerra".
No caso do Egito, o Nilo é a única fonte de água, e 95% da população do país vive às margens do rio. "A capacidade técnica do Egito no manejo das águas do Nilo é um bom trunfo para negociações com os outros países", observa o "Wall Street". "Também é grande a capacidade de criar problemas sustentando grupos islâmicos de oposição dentro da Etiópia cristã."

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