São Paulo, quinta-feira, 4 de setembro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Erundina decide deixar o PT e pode entrar no PSB

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

A ex-prefeita paulistana Luiza Erundina está deixando o PT. O anúncio deve ser feito nos próximos dias.
Erundina ainda não decidiu qual será sua nova legenda. Se quiser disputar algum cargo nas eleições de 98, será obrigada a optar por um partido até 3 de outubro próximo.
O caminho mais provável de Erundina é o PSB. Lá já está o deputado estadual paulista Pedro Dallari, um dos seus homens de confiança. Dallari trocou o PT pelo PSB recentemente.
A ex-prefeita praticamente abandonou as atividades petistas depois de sua campanha derrotada à Prefeitura de São Paulo. Era membro da Executiva do partido, licenciou-se e não mais mostrou interesse em voltar.
Na convenção nacional do PT encerrada no último fim-de-semana no Rio, Erundina foi a única estrela do partido a não comparecer. Na ocasião, começaram a circular rumores de sua saída.
Os problemas de Erundina com o PT remontam à sua administração municipal (89 a 92) e se agravaram com a sua ida para o ministério de Itamar Franco, quando teve seus direitos políticos suspensos no partido.
A condução da última campanha de Erundina foi criticada por Luiz Inácio Lula da Silva, o que elevou em mais um tom a reconhecidamente tensa relação entre ambos.
Hostilizada pela ala esquerda do petismo, que não perdoou a campanha de 96 pelo slogan "O PT que diz sim", e sem disposição para participar da luta interna ao lado do setor moderado, Erundina chegou à conclusão de que não mais teria espaço na legenda.
O PT trabalhava com a idéia de uma candidatura da ex-prefeita à Câmara dos Deputados em 98.
Nos planos da cúpula, ela seria a "puxadora" de votos da lista que o partido vai apresentar para as vagas na Câmara.
Nos últimos meses, quando ficou evidente que o divórcio com o PT era inevitável, Erundina passou a ser assediada por PSB e também pelo PPS.
O senador Roberto Freire (PPS-PE) várias vezes citou o nome da ex-prefeita como dona do perfil ideal para comandar a implantação em São Paulo de um sonhado partido da chamada "esquerda moderna".
O resultado da convenção petista, em que ficou claro que nenhuma alteração profunda vai ocorrer no PT sem o aval da ala radical, sepultou a esperança de Erundina de "oxigenar" a legenda.
Com a saída da ex-prefeita, o PT perde seu segundo nome de expressão em menos de um mês.
O primeiro cacique a abandonar o barco foi o governador do Espírito Santo, Vitor Buaiz, que se mantém sem partido.
Na prática, o PT perde também uma das suas duas únicas lideranças "boas de voto" na capital paulista. A outra é o senador Eduardo Suplicy.

Texto Anterior: O risco de medir o risco
Próximo Texto: Salvador é preparada para festa de ACM
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.