São Paulo, quinta-feira, 4 de setembro de 1997
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A profecia de Rifkin

EMERSON KAPAZ

O economista norte-americano Jeremy Rifkin levantou um tema sensível ao declarar, na entrevista publicada pela Folha em 25/8, que o governo deve estimular a comunidade de negócios para que ela reduza a semana de trabalho e abra novos empregos. Mais postos de trabalho significam mais consumo, mais arrecadação, mais recursos para os fundos de pensão investirem no longo prazo. Mais emprego significa, portanto, crescimento sustentável.
No entanto, para que isso ocorra, será necessária não só uma profunda reforma da CLT e da Justiça do Trabalho como uma discussão profunda entre governo, sindicatos e empresas em relação à elevação de custos que a redução da jornada pode significar. Tudo isso ainda deverá demorar alguns anos.
Assim, se dependermos somente dessas medidas para aumentar o emprego, não conseguiremos viabilizar sua retomada na velocidade necessária. Vale lembrar que a globalização é tão rápida em gerar riquezas e criar novas oportunidades de trabalho como na maneira devastadora pela qual elimina empregos e atividades.
Essa inegável realidade exige dos governos -federal, estaduais e municipais- uma nova função. Trata-se de um papel adicional do Estado: além de articular e impulsionar ações que conduzam ao desenvolvimento econômico e social, ser o grande responsável por discutir e formular novas políticas de desenvolvimento e de inserção estratégica na economia global.
No Estado de São Paulo, o governo vem assumindo crescentemente essas funções. Não somente por meio do saneamento das contas públicas, da desestatização e de outras medidas que racionalizam os gastos públicos como também pela elaboração de um projeto de desenvolvimento.
A Secretaria de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico está estimulando a implantação de ADLs (Agências de Desenvolvimento Local) nos municípios. Seu objetivo é promover o desenvolvimento da região e atrair novas empresas, no contexto de uma política municipal de desenvolvimento. Isso passa por mapear vocações regionais, descobrir alternativas na área de serviços e comércio e diagnosticar as carências de infra-estrutura e logística de distribuição.
A política de desenvolvimento paulista está sendo responsável pela geração de mais de 450 mil empregos diretos e indiretos, por meio da confirmação de investimentos de US$ 22 bilhões em 270 novas empresas que estão se instalando no Estado, 95% delas no interior.
Na área de apoio à inovação tecnológica, acaba de ser lançado pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) um programa inédito de financiamento a fundo perdido para a modernização dos produtos e serviços das empresas paulistas com até cem funcionários, independentemente do faturamento. Trata-se de um investimento social, com indiscutível retorno em termos de desenvolvimento e geração de postos de trabalho para as pequenas empresas que necessitam desses recursos para dar o salto tecnológico.
Ao mesmo tempo, estaremos lançando um fundo de empresas emergentes e um fundo de aval, com o objetivo de ampliar a possibilidade de participação das empresas nos recursos para financiamento já existentes.
Esses são apenas alguns dos esforços que o governo paulista vem realizando para evitar a profecia do economista Rifkin de que, se algo não for feito, estaremos condenados a construir prisões: fortalezas de segurança máxima para proteger os ricos e favelas para os pobres.

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