São Paulo, quinta-feira, 4 de setembro de 1997 |
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O exu ACM
ELIANE CANTANHÊDE Brasília - O centro político sai hoje de Brasília e se instala na Bahia, onde Antonio Carlos Magalhães festeja 70 anos de vida e uns 50 de poder.Em qualquer sondagem informal no Congresso, nove entre dez parlamentares, do PFL ao PT, apontam ACM como o político mais influente do país. Fernando Henrique o ouve -e teme. Eleito deputado estadual em 1954, o médico ACM conseguiu a suprema proeza de se tornar confidente de Juscelino Kubitschek, do PSD, visceral adversário da sua UDN. Desde então, apoiou e participou de sucessivos governos do país. Só no curto período de Jango e em 84, já no ocaso do regime militar, ACM provou o gosto da oposição. Foi quando rompeu em grande estilo com o governo Figueiredo e se tornou o último líder a aderir à dissidência do PDS, que deu origem ao PFL e apoiou o peemedebista Tancredo. ACM foi ministro das Comunicações de Sarney, ficou com Collor até o fim e a duras penas suportou Itamar Franco -o único presidente com ousadia suficiente para lhe impor distância. Hoje, é o todo-poderoso da era FHC. Mais da metade da vida de ACM foi passada no Executivo: prefeito nomeado de Salvador, três vezes governador, presidente da Eletrobrás e ministro. Seu mandato anterior no Congresso acabou em 1970, 24 anos antes da volta triunfal em 1994. O nome é nacional, mas a força é sobretudo baiana. Afora Paraíba e Goiás, dominados pelo PMDB, apenas a Bahia tem os três senadores de um mesmo partido, o PFL. Nas eleições municipais, fechou-se o cerco: além do governo do Estado, dos três senadores, de 19 dos 39 deputados federais (fora cinco agregados de outros partidos), o PFL baiano elegeu mais de 350 dos 414 prefeitos e, pela primeira vez, o prefeito da capital. É um poder que ACM usa com mão de ferro e visão estratégica. Se jamais conseguiu viabilizar a própria candidatura à Presidência da República, joga tudo para que o herdeiro Luís Eduardo se lance em 2002. O PSDB tem arrepios. Nem por isso deixa de mandar representantes para a festa de hoje na Bahia. Texto Anterior: Todos topam Próximo Texto: O PT e as alianças Índice |
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