São Paulo, sexta-feira, 5 de setembro de 1997
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Prefeitura sugere que PAS faça dívidas

MAURÍCIO RUDNER HUERTAS
DA REPORTAGEM LOCAL

As cooperativas do PAS (Plano de Atendimento à Saúde) podem suspender o atendimento a partir deste mês por falta de dinheiro.
A possibilidade real de paralisação foi apresentada ao secretário municipal da Saúde, Masato Yokota, em reunião nesta semana.
A Folha apurou que o secretário sugeriu aos 14 presidentes de cooperativas, como medida paliativa contra a crise, a captação de recursos por meio de empréstimos em instituições financeiras.
Segundo a proposta, os empréstimos seriam obtidos por conta e risco dos próprios módulos, com o aval dos presidentes de cooperativas como pessoas físicas.
As dívidas com fornecedores de equipamentos hospitalares, remédios e alimentos e com prestadores de serviços de segurança e limpeza estão por volta de R$ 150 milhões.
A despesa mensal do PAS é de cerca de R$ 70 milhões. O próprio secretário da Saúde admite que seriam necessários R$ 340 milhões para manter o atendimento normalizado até o final do ano.
A prefeitura determinou para hoje um repasse de R$ 20 milhões, retirados da Secretaria de Obras, para cobrir o atraso de 30% dos salários do mês de agosto.
Para a próxima semana, segundo o secretário, estão prometidos mais R$ 29 milhões -valor suficiente para pagar apenas 40% das despesas de setembro.
Segundo presidentes de cooperativas, o secretário chegou a indicar os bancos Schain Cury e América do Sul como possíveis financiadores.
Alguns médicos e coordenadores de módulos afirmam que o atendimento já está prejudicado. Segundo eles, foi reduzida a marcação de consultas e o estoque de remédios não está sendo renovado como deveria.
A orientação informal que os médicos teriam recebido da prefeitura seria para evitar "exames desnecessários" e racionar o uso de remédios e equipamentos.
A prefeitura desmente essa orientação. Mas, no mês passado, dois médicos do módulo 5 (Itaquera/Guaianazes) foram afastados pela Secretaria da Saúde após terem sido flagrados orientando subordinados a "economizar".
Hipóteses
Masato Yokota admite que entre as hipóteses levantadas para enfrentar as medidas de contenção determinadas pela prefeitura está a obtenção de empréstimos.
"Todas as possibilidades são colocadas em um momento de insuficiência", disse. "A busca de empréstimos está sendo considerada como uma sugestão e não como determinação da secretaria."
O secretário nega que tenha indicado bancos que estariam dispostos a emprestar dinheiro ao PAS. "Se surgiram nomes, quem deve esclarecer isso são as cooperativas."
Além da sugestão de empréstimos, a Secretaria da Saúde espera voltar a receber dinheiro do SUS (Sistema Único de Saúde).
"Por culpa do governo do Estado, deixamos de receber nos últimos meses mais de R$ 50 milhões", afirmou Yokota.
O prefeito Celso Pitta voltou ontem a admitir problemas momentâneos no PAS, mas garantiu que os repasses de verba estarão em dia até o fim de setembro.

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