São Paulo, sexta-feira, 5 de setembro de 1997
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Dornelles diz que déficit 'não é uma preocupação'

DA SUCURSAL DO RIO

O ministro da Indústria, Comércio e Turismo, Francisco Dornelles, falou ontem em um déficit (exportações menos importações) entre US$ 7 bilhões e US$ 9 bilhões na balança comercial deste ano. O mercado está estimando um número inferior a US$ 10 bilhões.
Ao comentar a situação das contas externas do país em 97, em entrevista na sede da Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), Dornelles disse: "O país terá neste ano um déficit de sete, oito, nove (bilhões de dólares), seja o que for, não é uma preocupação".
A previsão para o déficit da balança comercial vem sendo revista para baixo nos últimos meses pelos principais analistas do mercado e pelo próprio governo. No início do ano, a previsão, inicialmente de US$ 12 bilhões, chegou a pular para US$ 14 bilhões.
Esta semana, a CNI (Confederação Nacional da Indústria) reduziu sua previsão anterior de US$ 11 bilhões para um número inferior a US$ 10 bilhões.
Previsão
Para o ministro Dornelles, o crescimento da produção do país vai aumentar as exportações, reduzindo o déficit. Ele citou exemplos. A média das exportações diárias em agosto deste ano foi de US$ 242 milhões, contra US$ 199 milhões em agosto do ano passado.
Outro exemplo citado por Dornelles foi o das exportações de automóveis, que cresceram 61% em agosto em relação a julho.
Segundo o ministro, independentemente de quanto seja o déficit comercial, "a situação externa é tranquila". Dornelles disse que somente a entrada de capitais na forma de investimentos diretos no país será de US$ 17 bilhões no ano, garantindo o financiamento do déficit comercial.
Para 1998, o ministro prevê que haverá um crescimento da entrada de capitais para investimentos. Segundo ele, a quebra do monopólio da Petrobrás, já regulamentada pelo Congresso Nacional, vai impulsionar a entrada de dinheiro para investimentos no setor.
Inflação
Francisco Dornelles disse também, durante discurso, que a inflação de 98 ficará abaixo de 3%, podendo chegar a 1%. Depois, ele explicou que não se tratava de uma previsão, mas de uma meta perseguida pelo governo e que pode também ser atingida apenas em 99.
Ele afirmou que a abertura comercial ocorrida desde o início do Plano Real foi abrupta, mas necessária para derrubar a inflação.
"O nosso déficit da balança comercial foi o preço que pagamos pela estabilidade monetária", disse. Segundo o ministro, as tarifas médias de importações foram reduzidas de 43% para 12%.
Siscomex
Em julho, a balança comercial registrou déficit de US$ 811 milhões. Em agosto, com a recuperação das exportações e a queda das importações, o déficit ficou em US$ 315 milhões.
Desde que o Siscomex para as importações começou a funcionar, em janeiro deste ano, as declarações de importações são lançadas quando os produtos efetivamente entram no país.
É também nesse momento que é pago o Imposto de Importação.
Em janeiro, também houve um erro no registro de importações. Na ocasião, o governo deixou de registrar importações da Petrobrás que acabaram sendo computadas no mês seguinte.
Exatamente por isso, os técnicos do governo não entendiam ontem a quem poderia ter interessado o erro e como o problema não foi detectado antes.
O erro, entretanto, não foi do Siscomex: aconteceu em função de uma falha operacional.

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