São Paulo, sexta-feira, 5 de setembro de 1997
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Teatro passa a ditar menu de restaurantes

JOSIMAR MELO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Alguns restaurantes de São Paulo começam a adotar um hábito comum e antigo em cidades européias e norte-americanas: a oferta de cardápios especiais, no começo ou no fim da noite, para o público que quer comer antes ou depois do teatro ou cinema.
Esses cardápios são chamados, em inglês, "pre" ou "after-theatre"; ou "pour souper après le spetacle" (para cear após o espetáculo), segundo o guia francês Michelin. Eles são mais rápidos e baratos, oferecidos na região dos teatros ou cinemas; atraem também quem apenas quer comer fora de hora ou por preços menores; e trazem público em horários em que os restaurantes estão mais vazios.
No restaurante italiano Dolce Villa, no Itaim, a experiência começou há duas semanas. A casa oferece, para quem chega entre 19h30 e 20h, o mesmo cardápio expresso do almoço pelo preço de R$ 25. "É uma sugestão mais rápida, e já há quem chegue nesse horário para aproveitá-la", diz a gerente Marilei Jasiulionis. Normalmente o movimento começava a partir das 20h30. Com esse "jantar pré-teatro", como eles chamam, é possível terminar a tempo de ir ao cinema ou a outro espetáculo.
Tradição cultural
Apostando mais nos notívagos, o La Casserole vem oferecendo uma promoção para quem vai aos espetáculos de música clássica do Teatro Cultura Artística, ali perto, no centro. Os espectadores podem ter um jantar completo por R$ 38, com direito a vários pratos do menu francês do restaurante, além de uma taça de champanhe e meia garrafa de vinho francês.
"Estamos retomando uma tradição cultural no restaurante, como nos tempos em que era frequentado pelo pessoal do Mozarteum", diz a proprietária Marie-France Henri. Na última sexta, por volta de 23h, chegaram 70 espectadores do Cultura Artística -entre eles o concertista, o regente inglês Simon Rattle.
Após quatro jantares, o espectador do Cultura ganha uma cesta com três vinhos franceses. "Mas o direito de pedir esse menu de preço fixo, mesmo sem o brinde, está sendo estendido para quem vai às apresentações do Mozarteum e Teatro Municipal", diz Marie.
Já era hora de os restaurantes abrirem os olhos para este público potencial. Que ele existe, não há dúvidas, desde que o Gigetto virou ponto de encontro do público de teatro, como acontece há 40 anos. Hoje, alguns locais tão diferentes dele -como o Spot ou o coffe-shop do hotel Eldorado- também recebem públicos depois de espetáculos. Outros restaurantes podem atrair esses clientes pré ou pós teatro. É só darem um empurrão -como fizeram as ofertas do Dolce Villa e La Casserole.

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