São Paulo, sexta-feira, 5 de setembro de 1997
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Para uma eleição limpa

CLÓVIS ROSSI

São Paulo - É inaceitavelmente tímida a proposta do senador Francelino "maior partido do Ocidente" Pereira (PFL-MG) a respeito das regras para a eleição do ano que vem.
Prevê apenas a redução, de 50% mais um para 45%, da porcentagem de votos válidos necessária para que um candidato se eleja já no primeiro turno. Acrescenta que pode se eleger também se ficar só com 40%, desde que leve vantagem de dez pontos percentuais sobre o segundo colocado.
No intuito patriótico de contribuir para um 7 de setembro em que o país se una em torno do presidente, como ele mesmo quer, proponho mais os seguintes itens:
1 - se a porcentagem do primeiro colocado for inferior a 40%, mas superior a 35%, estará eleito da mesma forma, desde que se chame Fernando Henrique Cardoso;
2 - se a porcentagem do primeiro colocado for de 30%, mas ele se chamar Fernando Henrique Cardoso, ganhará um bônus de dez pontos percentuais e, portanto, estará eleito igualmente;
3 - se, por inaceitável burrice do eleitorado, Fernando Henrique Cardoso ficar em segundo lugar no primeiro turno, este será repetido tantas vezes quanto necessário para que FHC vença, nem que seja pelo cansaço do público de ficar indo e vindo das cabinas de votação;
4 - será proibido o voto de quem use ou tenha usado, nem que seja uma única vez, batina ou boné;
5 - será dado direito a duplo voto para todo eleitor que exibir uma dentadura nova;
6 - se nada disso der certo, o ministro Edson Arantes do Nascimento transformará em medida provisória a sua avaliação de que o brasileiro não sabe votar. Em consequência, a eleição será anulada e o mandato de FHC estendido até que todos os brasileiros possam provar que já comeram frango, tomaram iogurte, puseram dentadura nova e lecionaram na Sorbonne;
7 - a monarquia não será restabelecida. Nem precisa.

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