São Paulo, sábado, 6 de setembro de 1997
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A dupla mercosulista Re-Ro e a Audrey Hepburn

MATINAS SUZUKI JR.
DO CONSELHO EDITORIAL

Meus amigos, meus inimigos, a ciclotimia do atual time do São Paulo é algo que eu confesso que me intriga.
Como pode o time sair de uma exibição sorumbática e modorrenta, no domingo, para esbanjar, na quarta, aquela mobilidade, aquele jogo vistoso e cheio de alternativas, e, sobretudo, como pôde permitir a Dodô que voltasse a exibir a sua arte de marcar gols tão facilmente?
O segredo, Dario, parece andar por aí: injetar um pouco de remédio contra a PMD (psicose maníaco-depressiva) dessa garotada para que ela transforme os seus altos e baixos em uma vencedora regularidade.
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Peraí, moçada esmeraldina. Trazer o Luiz Felipe Scolari para o Palmeiras e cobrar dele resultados imediatos é um erro crasso de estratégia.
Felipão é desses engenheiros de cálculo na construção de suas equipes: ele vai montando encaixe por encaixe até chegar a uma estrutura sólida, sobre a qual será erguido o time.
Ele precisa de prazo para calcular e armar o esqueleto de concreto: só a partir daí é que ele deve ser cobrado.
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Mas é por essas e por outras que desconfio que São Paulo e Palmeiras farão um bom jogo.
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Depois que os brasileiros apostaram todas as suas fichas na dupla Ro-Ro, os argentinos resolveram investir em duas duplas na atual temporada.
Não, não se trata de duplas argentinas. São, como a hora pede, duas duplas mercosulistas (tá certo?): el Burrito Orteguita e Romário, no Valencia, e Ronaldinho e Simeone, na Inter milanesa.
Na dupla mercosulista da Inter, tenho dúvida se ela está escalada corretamente. Depois que vi os dois chutes na velocidade da luz desferidos pelo garoto uruguaio Recoba, no último domingo, acho que a dupla da Inter será a Re-Ro. Brasileira e uruguaia, sim senhor.
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Mauro Beting, da "Folha da Tarde" e da Bandeirantes, dá sequência às seleções dos mais elegantes escolhidas pelas gerações mais jovens.
Dizendo que, para ele, Audrey Hepburn é a elegância do século e que Pelé, por ser básico como uma T shirt branca, não entra, mandaria o seguinte time para o campo:
Zoff ("o Nelson Ned fecharia o gol com aquela camisa cinza"), Carlos Alberto ("elegante até nos cascudos"), Kaiser Franz Beckenbauer ("nunca viu a cor da bola por não precisar vê-la aos pés"), Dario Pereyra ("de zagueiro uruguaio só tem o sotaque"), Falcão (o Kaiser gaúcho), o neto que vai nascer do Beckenbauer, Giovanni ("é um filme do Canal 100 em DVD"), Ademir da Guia ("outro cult"), Van Basten ("o Kaiser holandês"), Cruyff ("um Van Gogh") e Ronaldinho ("ser elegante também é desfilar em Milão entre cinco marmanjos e não cair").
Mauro manda também a sua anti-seleção da elegância, a seleção das "feras desengonçadas": Maier, Leandro, Luís Pereira, Baresi e Cabrini; Cerezo, Platini, Maradona e Puskas; Garrincha e Romário.

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