São Paulo, segunda-feira, 15 de setembro de 1997
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A moto desbanca o jegue

MARILENE FELINTO
DA ENVIADA ESPECIAL

A modernidade chegou ao sertão pelas duas rodas da moto, meio de transporte tão robusto e resistente quanto o ancestral jegue nas trilhas de terra e pedra da caatinga.
A moto é uma verdadeira febre entre os jovens sertanejos de alguma posse. É o caso de Nalva (Antonia Edinalva Leite), 15, filha adotiva de um fazendeiro de São Julião (PI), de quem ganhou sua Honda.
Nalva aprendeu a dirigir moto com o vaqueiro da fazenda. Ela e suas amigas Cleneildes Souza Lima, 17, e Maria Joselita da Silva, 18, é o que de mais avançado se pode encontrar por aquelas paragens.
Estão menos atrasadas na escola do que todos os outros jovens com quem a reportagem conversou. Nalva está na 6ª, Cleneildes, na 7ª, e Joselita, na 8ª série.
Nunca entraram em um cinema, que Nalva apenas imagina o que seja: "Um salão grande, com um televisor enorme lá na frente e lugar do pessoal sentar, para ir assistir filme com o namorado, e gente vendendo coisas para comer".
Namoram e são virgens. Têm mais medo do que vontade de transar, "porque dizem que dói".
Depois do 2º grau, querem ser bancárias ou secretárias. O passatempo predileto é jogar futebol. Nos fins-de-semana, vão a bares com música "brega" ao vivo, onde canta Bartô Galeno e tocam bandas de forró como Choque e Capital do Sol.
(MF)

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