São Paulo, quarta-feira, 17 de setembro de 1997
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Projeto sobre crime hediondo volta à CCJ

Texto permite liberdade condicional

LUCAS FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A base governista no Senado recuou e decidiu "esvaziar" o projeto do governo que abranda penas aplicadas a quem pratica crimes hediondos, aprovado semana passada na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça).
O presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), decidiu ontem adiar a apreciação do projeto no plenário da Casa, enviando-o de volta à CCJ.
A atitude demonstra que a decisão da comissão sofre grande restrição do plenário.
"A mesa resolve devolver o projeto à CCJ a fim de que venha na forma do interesse da coletividade", disse ACM ao anunciar que a proposta deve ser rediscutida na comissão antes de ser votada no plenário.
A Folha apurou que a decisão de ACM foi apoiada por senadores governistas. Com a reação negativa à aprovação do projeto na CCJ, a base governista decidiu rever, sem alarde, a proposta. A saída foi mandá-lo de volta à comissão.
Aprovado em votação simbólica, no meio de outras 36 propostas, o projeto, enviado ao Congresso pelo governo em 1995, estabelece que quem praticasse extorsão mediante sequestro, tortura ou outros crimes considerados hediondos poderia cumprir metade da pena em regime de liberdade condicional.
A legislação atual estabelece que as penas para esses tipos de crimes não podem ser reduzidas.
A CCJ deverá chamar especialistas para debater o tema. O relator do projeto, José Inácio Ferreira (PSDB-ES), decidirá se muda seu parecer, favorável à aprovação.
Na prática, como demonstra a frase de ACM, o projeto está condenado politicamente.
"O governo tem um grande problema. Será bombardeado se o projeto for aprovado no plenário do Senado, e será criticado se resolver voltar atrás e vetar um projeto de sua própria autoria", afirmou o presidente da CCJ, Bernardo Cabral (PFL-AM).
"A reação contra o projeto foi muito grande. Na votação em plenário, geraria um debate acalorado. Mas se era para derrubá-lo, seria melhor que se fizesse isso em plenário", disse o senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE).
Apesar de o projeto já ter sido aprovado na CCJ, nada impede que a decisão seja revista.

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