São Paulo, quarta-feira, 17 de setembro de 1997 |
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Cuba mostra suposto terrorista na TV
DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS Cuba apresentou em rede nacional de TV o salvadorenho acusado de colocar bombas em hotéis e pontos turísticos do país.Aparentando calma, Raúl Ernesto Cruz Léon mostrou como teria preparado os atentados, um dos quais matou uma pessoa. Ele pode ser condenado à morte. A onda de ataques começou em 12 de julho, quando bombas explodiram nos hotéis Nacional e Capri, em Havana. Três pessoas ficaram feridas. No último dia 4, mais explosões atingiram o famoso restaurante La Bodeguita del Medio e os hotéis Tritón, Chateau e Copacabana -onde morreu o italiano Fabio di Celmo. "Em El Salvador eu recebi a missão de colocar os explosivos num certo número de pontos turísticos. Deram-me uma lista. Em geral hotéis, para criar pânico entre os turistas", disse Cruz. O turismo é hoje o motor da economia cubana. O governo de El Salvador disse suspeitar da versão apresentada pelos cubanos e que "fará o possível para salvar Cruz". "É improvável que alguém tenha levado explosivos do nosso país. Isso é uma novela", afirmou o ministro do Interior, Mario Acosta. O salvadorenho acusado não disse, porém, quem lhe deu as ordens e o dinheiro para fazer o serviço -segundo autoridades policiais cubanas, Cruz León ganhou US$ 4.500 por atentado. Essa parte da história ficou por conta do governo cubano. Segundo o coronel Adalberto Rabeiro, oficial responsável pelo caso, Cruz León faz parte de uma "rede de traficantes e terroristas organizados e pagos pela Fundação Nacional Cubano-Americana". A fundação é um dos principais grupos de exilados cubanos opostos ao regime comunista de Fidel Castro, no poder desde 1959. Em um comunicado emitido de sua sede, em Miami (Flórida), a fundação negou a acusação. "Fidel está mentindo porque ele não suporta contar a verdade para o povo cubano: há pessoas dentro de Cuba o desafiando", afirmou a nota do grupo. Em seu testemunho, veiculado em rede nacional de TV na noite de anteontem, o salvadorenho afirmou ter agido sozinho. O coronel Rabeiro não disse o que prova a ligação entre o acusado e o grupo de Miami. "Temos elementos que não nos deixam dúvidas." Cruz foi acusado de crimes de terrorismo e sabotagem. Se condenado, pode pegar de dez anos de prisão à pena de morte. Para trazer o explosivo plástico para dentro do país, ele teria escondido o material dentro da sola de seu sapato e em um aparelho de TV. Os detonadores teriam sido contrabandeados dentro de canetas e de um rádio-relógio. O governo norte-americano disse ontem que duvida da Justiça cubana e expressou preocupação pelo destino de Walter van der Weer, um norte-americano preso em agosto de 1996 em Cuba, por acusações de terrorismo. Promotores cubanos pediram a pena de morte para ele. Próximo Texto: Confissões são suspeitas Índice |
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