São Paulo, quinta-feira, 18 de setembro de 1997
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Covas diz que decisão é irreversível

CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL

O governador Mário Covas (PSDB) afirmou ontem que sua posição de não concorrer à reeleição é irreversível. "Não pode ser revista", disse, em referência à decisão, anunciada sábado durante reunião do secretariado.
Bem-humorado, Covas concedeu entrevista coletiva ontem na sede da Abdib (Associação Brasileira da Infra-estrutura e Indústrias de Base), onde esteve para discutir a situação do Estado.
Covas riu diante de várias perguntas e afirmou que sua decisão havia sido tomada há muito tempo. "Há meses venho dizendo que não sou candidato."
Sobre os motivos, foi evasivo. "Não existem razões específicas." Mas disse que sempre foi contra a reeleição e que foi eleito para governar por quatro anos.
Maluf
Covas acabou revelando certo desconforto com o encontro mantido entre o presidente Fernando Henrique Cardoso e o ex-prefeito de São Paulo Paulo Maluf (PPB), um dos fatores apontados por tucanos para sua disposição de não se candidatar.
"Sem dúvida nenhuma o Maluf fez aquilo deliberadamente. Isso ficou óbvio nos acontecimentos posteriores", afirmou. Um dos "acontecimentos posteriores" foi a interpretação de que FHC estaria negociando com Maluf uma posição de neutralidade na eleição em São Paulo.
Segundo Covas, o presidente -e governadores- não pode se recusar a receber políticos quando solicitado. Mas acredita que se devem adotar cautelas. "No fim, deu margem a especulações que não precisava ter dado."
O outro "acontecimento posterior" foi o fato de Maluf não ter sido convocado para depor na CPI dos Precatórios. "Ninguém mais falou de precatórios." Mas ressaltou: "Não sei se foi por consequência (do encontro)".
Covas afirmou que suas relações com FHC são boas e que fará de tudo para que o presidente seja reeleito. Acrescentou que não vê razão para que haja um encontro entre ambos para discutir sua posição.
A Lei Kandir, que acaba com o ICMS nas exportações, não tem qualquer relação com sua decisão, afirmou Covas. Ele disse que decidiu oficializar sua decisão para dar tempo para o PSDB encontrar um outro nome.
Covas reagiu com uma gargalhada quando perguntado se havia sido convidado para o aniversário da primeira-dama, Ruth Cardoso, na sexta-feira, em São Paulo. "Já querem me arrumar uma encrenca social."

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