São Paulo, quinta-feira, 18 de setembro de 1997
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Governo faz nova proposta de reforma

LUCAS FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo apresentou ontem uma nova proposta de reforma tributária. A versão é mais profunda do que a que tramita na Câmara desde 95 e prevê a extinção do IPI, do ICMS, do ISS, da CPMF, da CSLL, do Cofins e do PIS/Pasep, que seriam substituídos por apenas três tributos.
Com o fim do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), os governos estaduais ficariam sem o principal mecanismo para promover a chamada guerra fiscal -disputa por investimentos por meio de benefícios tributários. Seriam criados os seguintes impostos:
1) IVA (Imposto sobre Valor Agregado): imposto federal a incidir sobre bens e serviços. Sua alíquota seria única, diferentemente do que acontece hoje com o ICMS. O IVA também teria alíquota inferior às do ICMS;
2) IVV (Imposto sobre Vendas a Varejo): a incidir sobre mercadorias (competência estadual) e serviços (de arrecadação municipal). Teria alíquota única;
3) "Excise Tax": imposto que seria cobrado na venda ao consumidor de determinados produtos, de elevada capacidade de arrecadação e de difícil sonegação, como fumo, bebidas, telecomunicações, energia, combustíveis etc. Seria de competência estadual.
Ficariam mantidos o Imposto de Renda -com alíquotas ajustadas em função da extinção da CSLL (Contribuição sobre Lucro Líquido)-, o Imposto sobre Operações Financeiras, o Imposto de Importação e o Imposto de Exportação.
Carga tributária
"Aumentos de arrecadação, se existentes, provirão do aumento da base e da simplificação do sistema", afirmou o secretário.
A nova proposta prevê o estabelecimento de prazos para a vigência das atuais vinculações constitucionais (gastos mínimos obrigatórios em educação, saúde etc.), com sua progressiva redução ao longo do tempo.
O secretário afirmou que a proposta poderia incluir a criação de um fundo temporário com o objetivo de garantir recursos para corrigir "eventuais resultados inesperados e indesejáveis".
O governo vinha sendo criticado por ter apresentado, em 1995, um projeto de "reforma parcial" e por, mais tarde, ter praticamente abandonado a proposta.
O projeto que hoje tramita na Câmara já recebeu mais de cem emendas e está desfigurado. De acordo com Parente, o projeto antigo precisa ser reformulado.
"Os avanços na legislação do IR, as pressões por vinculações de receita, a evolução da guerra fiscal, a abertura e a globalização fazem indispensável e inadiável que se faça uma reforma mais abrangente."
Parente disse que o governo não vai mandar ao Congresso um novo projeto de emenda constitucional para substituir o atual. Segundo ele, a nova proposta poderá ou não ser assimilada no parecer do relator da reforma na Câmara, deputado Mussa Demes (PFL-PI).

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