São Paulo, quinta-feira, 18 de setembro de 1997
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Epidemia de sarampo pode ser 244% maior

MALU GASPAR
DA REPORTAGEM LOCAL

O número real de casos de sarampo no Estado de São Paulo pode chegar a 14 mil. Esse número é 244% maior do que o divulgado oficialmente pela Secretaria de Estado da Saúde.
Segundo dados oficiais, até 12 de setembro haviam sido confirmados 4.064 casos, com 11 mortes.
Mas o Instituto Adolfo Lutz, que confirma em laboratório os casos de sarampo no Estado, havia obtido até 30 de agosto resultado positivo em 6.173 amostras analisadas.
O instituto ainda tem no estoque 16 mil amostras para ser analisadas -12 mil colhidas em agosto e 4 mil em setembro.
O diretor-geral do Adolfo Lutz, Cristiano Marques, diz que cerca de 50% das suspeitas são confirmadas em laboratório. Isso significa que pode haver mais 8 mil casos confirmados entre as 16 mil amostras não analisadas, conforme admitem pesquisadores do instituto.
Somados os resultados e as estimativas do instituto, o número real de casos pode chegar a 14 mil.
O número de óbitos também pode ser maior do que os dez confirmados. Estão sendo analisadas pelo laboratório 20 amostras de sangue de pessoas que morreram com suspeita de sarampo, 15 com idade menor ou igual a 2 anos. Duas dessas mortes já foram descartadas pela investigação epidemiológica.
Embora não se possa obter a confirmação sem a análise do instituto, a própria chefe do setor de virologia do Adolfo Lutz, Luiza Madia, diz que a maioria desses casos deve ser confirmado.
O médico Ciro Rossetti, do Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE), afirmou que o órgão não registrou o total de casos confirmados pelo Adolfo Lutz por não ter recebido ainda os resultados. Segundo ele, os últimos dados foram enviados ao CVE há dez dias.
Quando recebe os resultados, o CVE os compara com os registros de seu computador e confirma oficialmente o caso. Dos casos confirmados por laboratório, Rossetti diz que quase 100% são incluídos no registro oficial.
O Adolfo Lutz confirma o atraso. Segundo Ana Maria Afonso, a demora no envio ocorre porque o instituto tem seis funcionários para dar conta de todo o processo.
Para o infectologista Caio Resenthal, 48, do hospital Emílio Ribas e do Servidor Público, se há suspeita de epidemia, não se deveria aguardar os resultados das análises para que a vacinação fosse iniciada.

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