São Paulo, quinta-feira, 18 de setembro de 1997
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Motoboy e PMs são indiciados por sequestro

OTÁVIO CABRAL
DA REPORTAGEM LOCAL

A Delegacia Especializada Anti-Sequestro enviou ontem ao Ministério Público o inquérito sobre o sequestro e morte do corpo do estudante Ives Yoshiaki Ota, 8.
Os soldados da Polícia Militar Paulo de Tarso Dantas, 34, e Sergio Eduardo Pereira de Souza, 28, e o motoboy Silvio da Costa Batista, 26, foram indiciados (acusados formalmente) pelo crime.
O promotor Silvio Hiroshi Oyama, da 4ª Promotoria Criminal, que recebeu o inquérito, tem até segunda-feira para se pronunciar sobre o caso. Ele pode denunciar os acusados, pedir mais investigações ou arquivar o caso.
Ives foi sequestrado no dia 29 de agosto, na Vila Carrão (zona sudeste de SP), e morto no mesmo dia com dois tiros na cabeça. Seu corpo foi encontrado em 8 de setembro, enterrado no casa de Batista. Mesmo com a morte da criança, os sequestradores continuaram extorquindo a família.
Batista confessa ter participado do sequestro, mas nega ter matado o garoto. Segundo ele, os tiros foram disparados por Dantas. Souza nega o crime e Dantas diz que só irá prestar depoimento à Justiça.
O indiciamento dos dois PMs foi baseado no depoimento do motoboy, que foi preso em flagrante quando telefonava de um orelhão para o pai de Ives, Massataka Ota.
Ele confessou o crime e apontou a participação dos dois policiais militares, que também foram presos em flagrante. A polícia não conseguiu encontrar as armas utilizadas no crime nem outras testemunhas que confirmassem a participação dos policiais.
O delegado Paulo Fortunato, da Diprocom (Divisão de Proteção Comunitária), descartou a participação de outras pessoas no crime, inclusive das mulheres dos três acusados, que já foram ouvidas pela polícia e afirmaram não ter conhecimento do sequestro.
"Os depoimentos do motoboy e as investigações feitas pela polícia mostram que os três agiram sozinho no sequestro e morte do estudante", afirmou Fortunato.
O promotor Oyama considera que o inquérito foi "bem feito". Ele não quis antecipar sua posição, mas descarta a possibilidade de arquivar o caso. "Tenho duas opções: denunciar ou pedir novas investigações."
'Falta de provas'
O advogado Francisco Lobo, que defende Dantas, discorda do indiciamento dos PMs. Para Lobo, não há provas concretas contra eles.
"A prisão dos policiais foi baseada em três depoimentos confusos do motoboy. A polícia não fez qualquer investigação que provasse a culpa deles", afirmou.
Lobo requereu ontem à Justiça o relaxamento da prisão de Dantas, alegando que não há provas para sua prisão em flagrante.

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