São Paulo, quinta-feira, 18 de setembro de 1997
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Infectologistas sugerem vacinação em massa

DA REPORTAGEM LOCAL

Vacinação em massa é a solução apontada por três infectologistas ouvidos pela Folha para controlar a epidemia de sarampo na cidade de São Paulo.
"O que se questiona muito nas campanhas vacinais existentes é a faixa etária escolhida. Só agora adolescentes estão sendo vacinados. Os adultos não são prioridade para a Secretaria de Estado da Saúde, mas são o maior número de infectados", diz a médica Rosana Richtmann, 36, infectologista do Hospital Emílio Ribas e Beneficência Portuguesa.
"Já se sabe que o número de casos de sarampo é maior que o notificado. Já se trabalha com a informação de subnotificação", diz.
Segundo ela, o Instituto Adolfo Lutz está recebendo muitas amostras de soro por conta da epidemia.
"As pessoas fazem o teste por qualquer vermelhidão que apareça." Ela diz, ainda, que outro fator para a disseminação do doença é a dificuldade de diagnóstico. "Havia muito tempo que os profissionais da saúde não trabalhavam com sarampo e têm dificuldade para diagnosticar."
Para o professor livre-docente da Universidade de São Paulo David Uip, 45, o número de casos não notificados não causa surpresa. "Desde o início da epidemia, venho alertando para a necessidade de vacinar adultos. A estratégia da secretaria é perfeita para regularizar as vacinas em crianças, mas não para combater uma epidemia", diz ele.
Uip afirma não compreender por que não há vacinas para todos. "O secretário da saúde (José da Silva Guedes) é experiente e muito eficiente, como toda a sua equipe. Sua formação é em saúde pública."
O infectologista Caio Rosenthal, 48, do Emílio Ribas e do Hospital do Servidor Público Estadual, também acredita que seja necessário vacinar toda a população.
"Os adultos estão sendo mais afetados. Para controlar a epidemia é importante que eles recebam doses de vacina. Além disso, doenças típicas da infância, quando atacam adultos, apresentam maior gravidade", diz.
Entre as complicações mais comuns do sarampo em adultos está a pneumonia. Segundo Rosana, há 20 pessoas internadas no Emílio Ribas com alguma complicação decorrente do sarampo.

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