São Paulo, quinta-feira, 18 de setembro de 1997
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Governo já vai mudar texto da lei Pelé

MARCELO DAMATO
DA REPORTAGEM LOCAL

O governo federal decidiu alterar um artigo do projeto de lei Pelé para esclarecer quais serão as regras do passe dos jogadores de futebol nos dois primeiros anos de vigência da lei, caso ela seja aprovada no Congresso.
Pela redação atual, o passe será extinto após esse prazo, mas nada é dito sobre o que vai acontecer nesse intervalo.
Pela legislação brasileira, em casos como esse prevalece a lei em vigor. O problema é que nesse caso também há uma polêmica.
A lei 6.354/76 estabeleceu passe livre aos 32 anos e dez anos consecutivos no clube. Mas em 1996, o ministro dos Esportes, Edson Arantes do Nascimento, publicou resolução, reduzindo a idade para o passe livre numa cascata (30 anos em 1997, 27 em 1998, 26 em 1999 e 25 de 2000 em diante).
A grande maioria dos cerca de 20 advogados ouvidos pela Folha nos últimos 10 meses afirma que a resolução não tem o poder de alterar a lei.
Ives Gandra Martins diz que, mesmo revogada pelo projeto Pelé, a lei 6.354/76 manterá seu efeito nos dois primeiros anos da nova lei.
Mas Hélio Vianna, vice-presidente do Conselho Superior do Indesp e principal assessor de Pelé, discorda: "Não há conflito jurídico. Vale a resolução. Em todas as vezes em que essa discussão foi para a Justiça, a resolução ganhou".
Apesar disso, explicou Vianna, o advogado Gilmar Mendes, sub-chefe da assessoria jurídica da Casa Civil, recomendou-lhe que para "esclarecer toda essa questão" o texto da resolução de 1996 será acrescentado ao texto do artigo 60, que está nas disposições transitórias, aquele que afirma que o fim do passe só acontecerá após dois anos de vigência da lei.
"Não é necessário. Vamos fazer isso apenas para que haja nenhuma pessoa com dúvida."
Vianna voltou a defender que os jogadores não recebam 15% do valor recebido pelo clube na transferência. "Com o fim do passe, os jogadores não estão perdendo 15%. Estão sim ganhando os outros 85%."
Mas a resolução do passe, que agora vai integrar o projeto Pelé, diz que os jogadores terão direito aos 15%, no caso de uma transferência com contrato em vigor.
Segundo a assessoria legislativa da secretaria-geral da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados, o governo pode fazer as alterações que quiser, até que o projeto seja publicado no Diário da Câmara. Após a publicação, só os deputados, por meio de emendas, podem propor alterações, que precisam ser votadas.

Colaborou a Sucursal de Brasília

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