São Paulo, quinta-feira, 18 de setembro de 1997
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Conheça a trajetória política do presidente peruano

RODRIGO LEITE
DA REDAÇÃO

O presidente Alberto Fujimori atravessa a fase mais crítica de seu mandato menos de cinco meses depois de viver uma lua-de-mel com as pesquisas de opinião, que o levavam a sonhar com uma segunda reeeleição.
Em abril, soldados de elite, sob suas ordens diretas, invadiram a casa do embaixador japonês Morihisa Aoki, e libertaram 71 reféns que estavam desde dezembro sob poder de guerrilheiros de esquerda. Na operação, morreu o juiz Carlos Giusti, um opositor.
Nas semanas seguintes, as pesquisas deram mais de 70% de popularidade a um Fujimori acostumado a impor suas decisões, mesmo as mais autoritárias, sem grande reação negativa da população.
Foi assim, por exemplo, em abril de 1992, quando ele fechou o Congresso e demitiu juízes argumentando que precisava de poderes extraordinários para combater o terrorismo e a inflação.
Houve intensa reação internacional ao chamado "fujimoraço", mas isso não o impediu de conseguir introduzir a reeleição e vencer o pleito presidencial de 1995, já com o Congresso reaberto. Na sua primeira entrevista após a vitória, disse não se importar com a composição do novo Parlamento, pois ele, Fujimori, governaria sem partidos.
Uma das hipóteses para a vitória de um político sem tradição naquela eleição: a imensa população com sangue indígena do Peru se identificaria com os traços orientais do "Chino".
Sua origem, aliás, foi o centro de uma das mais curiosas polêmicas de seu mandato -neste ano, a revista "Caretas" disse ter indícios de que ele nascera no Japão, e não nos arredores de Lima, como consta de sua biografia oficial.
Não ser peruano nato, pela Constituição, impede o cidadão de exercer a Presidência da República. A própria revista admitiu que não tinha provas completas da denúncia, e Fujimori ofereceu documentos para provar sua nacionalidade. Uma investigação oficial sobre o caso não foi adiante.
Vitórias
Ao assumir pela primeira vez, Fujimori recebeu um país mergulhado na inflação (7.649% em 1990) e no terrorismo (mais de 25 mil mortos no conflito com a guerrilha Sendero Luminoso).
Mas denúncias de tráfico de influência envolvendo seu principal assessor, Vladimiro Montesinos, a suspeita de que seus soldados não se importaram em matar o juiz Giusti no fim do sequestro e o caso Ivcher, entre outros escândalos recentes, fizeram com que sua popularidade caísse a níveis inéditos -cerca de 20%-, afastando, ao menos por enquanto, a chance de uma nova reeleição, que ele já articulava no Congresso.

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