São Paulo, sábado, 20 de setembro de 1997 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Direção do PT vai dar ultimato a Lula
CARLOS EDUARDO ALVES
"Ou Lula toma a ofensiva política até quinta-feira ou volta a alimentar a busca de uma terceira via na sucessão presidencial", disse ontem o presidente do PT, José Dirceu. O dirigente quer chegar quinta-feira na reunião dos dirigentes dos partidos de oposição, em Brasília, com o nome de Lula para apresentar aos possíveis aliados como um postulante à Presidência da República. O Diretório Nacional do PT reúne-se hoje e amanhã em São Paulo, e Dirceu pretende fazer um pronunciamento pedindo o fim do vaivém de Lula, que alterna momentos em que se entusiasma com mais uma candidatura com outros em que praticamente a descarta. "O Lula precisa se definir. Dezembro é muito tarde", declarou Dirceu, referindo-se ao mês planejado por Lula para o sim ou não definitivo. A avaliação de Dirceu, que tem discutido sucessão presidencial com outros partidos de esquerda, é que não é possível continuar combatendo eventuais candidaturas presidenciais como a do ex-ministro Ciro Gomes sem que o PT apresente oficialmente a alternativa Lula aos possíveis aliados. O presidente do PT acha, também, que a pesquisa do Datafolha que apontou Lula como o candidato que obteria o segundo lugar se a eleição presidencial fosse agora é um argumento a ser levado para a mesa de negociação. "A pesquisa lavou a alma da gente", afirmou Dirceu. Para ele, os 22% ou 23% de intenção de voto atestados nas três simulações do Datafolha são mais expressivos ainda depois da sucessão de problemas que o partido viveu, como o caso Cpem e as saídas do governador Vitor Buaiz (ES) e da ex-prefeita Luiza Erundina. Quarta-feira, Lula e Dirceu vão a Recife discutir a sucessão com o governador pernambucano, Miguel Arraes (PSB). Genoino Lula pediu na última segunda-feira que o deputado federal José Genoino concorra ao governo paulista. O interlocutor agradeceu a preferência, mas recusou. Dirceu também foi escalado para tentar convencer Genoino a mudar de posição. "Genoino tem força na classe média e ocuparíamos o vácuo criado com a saída do Mário Covas do páreo", disse Dirceu. Os argumentos de Lula e Dirceu não foram suficientes. Genoino tem razões pragmáticas e políticas para recusar a missão no Estado que tem se revelado hostil à pregação petista. "Acho importante ter um mandato, e a eleição em São Paulo é muito difícil para nós", disse o deputado, hoje aliado das forças de "centro" do espectro petista. Na análise política, Genoino acha que suas posições heterodoxas para a maioria petista poderiam inviabilizar uma campanha pacífica no partido. "Tenho posições sobre estabilidade do funcionalismo, Plano Real e reformas, por exemplo, que não são hegemônicas no partido", declarou Genoino. As diferenças, no seu entender, o desautorizam a fazer um discurso de campanha que seja ao mesmo tempo sincero e respaldado pela legenda. Se Genoino não mudar, o PT não tem uma alternativa que seja, hoje, viável eleitoralmente. O caminho mais provável é a candidatura do ex-prefeito de Ribeirão Preto Antônio Palocci. Texto Anterior: Presidente do PSDB oferece cargo a FHC Próximo Texto: Arraes 'gela' Ciro Gomes para atrair PT Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |