São Paulo, sábado, 20 de setembro de 1997
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Otis Rush quer "vir, conhecer e tocar"

CASSIANO ELEK MACHADO
DA REDAÇÃO

"Minha carreira segue a dinâmica de uma montanha-russa", falou Otis Rush à Folha por telefone, de sua casa em Chicago (EUA).
O sr. se considera no topo atualmente?
"Eu ainda estou tentando", disse com sua voz de barítono em meio a risadas.
Os sorrisos pontuam a modéstia do artista. Grande atração da noite de blues do Free Jazz, com 63 anos, Rush é considerado um dos maiores expoentes vivos do gênero.
Se existisse um manual do legítimo bluesman, Otis Rush poderia se orgulhar de preencher todos os requisitos básicos:
1) Nasceu no Mississipi, em uma família de sete filhos de pequenos agricultores.
2) Começou a cantar e arranhar o violão aos 8 anos -diz nunca ter feito aulas de música.
3) Mudou-se para Chicago ainda adolescente, carregando o apelido de Little Otis.
4) Bebeu muito com pouco dinheiro e, já aos 22 anos, gravou o primeiro grande sucesso do selo Cobra, dirigido pelo legendário baixista/compositor Willie Dixon -a canção era "I Can't Quit You Baby" (Dixon), que ele apresenta no Brasil.
Lawrence Cohn, uma das maiores autoridades na historiografia do blues, classifica Rush -no livro "Nothing But The Blues"- de "o primeiro cantor/guitarrista moderno de Chicago".
Rush diz que não se afeiçoa a rótulos como esses: "O meu estilo é o meu estilo. Eu pego a guitarra e simplesmente toco".
Essa é a rotina que o músico já seguiu ao lado de nomes como Albert King, B.B.King, Muddy Waters, John Lee Hooker e T-Bone Walker -astros que Rush diz que gosta de ouvir em seu casa.
Para as suas primeiras apresentações brasileiras (dias 9 de outubro no Rio, 12 em São Paulo e 13 em Porto Alegre), Rush convocou quatro músicos -baterista, baixista, tecladista e o experiente guitarrista William Flynn- e um repertório elástico.
Otis "Ímpeto", palavra que, assim como fúria traduz o sobrenome e o estilo de Rush, promete tocar desde "Keep On Loving Me Baby", seu antigo sucesso, gravado por nomes como Eric Clapton, até "Ain't Enough Comin'In", faixa-título de seu mais recente CD, de 94, agraciado com cotação máxima pela revista "Down Beat".
Sobre o Brasil, o guitarrista canhoto pede desculpas, mas diz que não sabe nada. Só espera "vir, conhecer pessoas e tocar, como sempre". Ganham os espectadores. Nada de "boua noitchê" e "Garota de Ipanema" em "blusês".

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