São Paulo, sábado, 20 de setembro de 1997
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"DESOBEDIÊNCIA CIVIL"

"Se eu ganhasse R$ 500 toda vez que falasse sobre isso... Eu era chefe de polícia e, por delegação do governador Paulo Egídio Martins, era responsável pela preservação da ordem pública (...). A UNE tinha sido extinta dos quadros legais, e estava proibida qualquer atividade que tentasse reconstituí-la. Já tinha havido tentativas anteriores. Então, eles resolveram fazer na PUC. Era uma manifestação de desobediência civil clara, de contestação ao regime. Recebi ordens expressas para não permitir que isso acontecesse. (...) Os manifestantes sabiam que, para o ato ter força, repercussão, tinha de ser público. De oito tentativas anteriores, eu, pessoalmente, abortei todas com minha ação de presença. Foram duas vezes na Medicina, na rua Maria Antônia, três vezes na São Francisco e três vezes na Cidade Universitária. Até escolherem a PUC, que é notoriamente ligada ao meio religioso. (...) Lá tinha um diretório que publicava toda a panfletagem subversiva. Nós tínhamos um mandado de busca para apreender isso. (...) Aí houve bombas de lacrimogêneo que acabaram queimando umas moças. (...) Respondi processo por 'abuso' na Assembléia Legislativa e na Justiça, em 77 mesmo, e fui absolvido. Da estudantada toda que participou desse movimento, de estudante não tinha nada. Era político, político, político. (...) Não reconheço como movimento estudantil. Disciplina, ordem e hierarquia são bandeiras das quais não abdico."

Depoimento de Erasmo Dias, 72, deputado estadual (PPB-SP), que comandou a invasão da PUC em 1977

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