São Paulo, sábado, 20 de setembro de 1997 |
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País de Gales vota 'sim' para Parlamento
PAULO HENRIQUE BRAGA
Segundo o resultado final, 50,3% votaram a favor da proposta, com 49,7% contra. O comparecimento às urnas foi de 50%. O "não" à assembléia liderou a apuração até a divulgação do resultado no último dos 22 distritos, quando a situação foi revertida. O território não tem assembléia própria desde o início do século 15. Semana passada, a proposta de criação do Parlamento escocês foi aprovada com maioria de 3 para 1. O primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair, rejeitou as críticas do Partido Conservador. A oposição disse que o resultado mostrou a divisão do eleitorado, e o baixo comparecimento às urnas comprometerá a legitimidade do Parlamento. O projeto de reforma política trabalhista não se restringe aos Parlamentos regionais. O governo tem se empenhado na busca de uma solução para a Irlanda do Norte, quer criar um prefeito para Londres, reformar a Câmara dos Lordes e modernizar a monarquia. "Politicamente, o Reino Unido tem ficado para trás de muitos países por causa de seu grau de centralização", disse à Folha o historiador Bernard Crick. Os conservadores, derrotados nas eleições de 1º de maio depois de 18 anos no governo, encabeçaram a campanha pela rejeição ao Parlamento. Seu principal argumento foi que a devolução é o início da desintegração do país. Crick discorda. Para ele, só existe chance de crescimento da causa separatista na Escócia e, mesmo assim, remota. Para isso, traça uma equação política complicada: o eleitorado escocês é, tradicionalmente, de esquerda. Se o governo Blair continuar se inclinando para a direita, como fez para vencer a eleição, tende a perder o apoio na Escócia. A Escócia já desfruta de autonomia relativamente grande, se comparada à do País de Gales. O território tem sistema judiciário autônomo e emite até seu próprio dinheiro, que é, na prática, o mesmo do resto do Reino Unido. A posição dos conservadores se justifica pelo fato de o partido ter usado o grande centralismo do sistema britânico para realizar reformas políticas e econômicas. "A solução conservadora para o excesso de poder do governo central não tem sido disseminar o poder, mas simplesmente diminuir o poder do governo, mantendo-o centralizado", diz o cientista político Rodney Barker, da Escola de Economia de Londres. (PHB) Texto Anterior: CRONOLOGIA Próximo Texto: Conservadores querem fim de descentralização Índice |
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